Quanto ganham os entregadores e motoristas de app

Quanto ganham os entregadores e motoristas de app
Quem são e quanto ganham os entregadores e motoristas de app no Brasil — Foto: Mart Production/Pexels

Entregadores e motoristas que trabalham em plataformas e aplicativos digitais de serviços ganham, em média, dois salários mínimos e têm jornadas acima de 40 horas semanais.

O levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgado nesta quarta-feira (25) e traz o perfil desses profissionais: homem, com idade média entre 25 e 39 anos e morador da região Sudeste.

No 4° semestre de 2022, quando foram coletados os dados, o Brasil tinha 1,5 milhão de trabalhadores por meio de aplicativo de serviço, o que representa 1,7% da população ocupada no setor privado.

Além de entregadores e motoristas, o levantamento inclui outros profissionais que utilizam apps para prestar seus serviços, tanto gerais (eletricistas e faxineiros, por exemplo) como funções mais específicas (serviços de TI, tradução, design, etc).

O IBGE apontou, ainda, que outras 628 mil pessoas utilizavam plataformas de comércio para trabalhar, como comércio eletrônico e marketplaces.

Do total de trabalhadores que prestavam serviços nas plataformas digitais, segundo o IBGE, 47,2% (704 mil motoristas) atua por meio de aplicativos de transporte de passageiros (exceto táxi), seguido de entrega de comida e produtos (39,5% ou 589 mil).

Ganha mais, trabalha mais

A pesquisa também apontou que, no geral, os chamados trabalhadores "plataformizados" têm um rendimento mensal maior, de R$ 2.645, quando comparado à média salarial das pessoas que trabalham sem utilizar plataformas, de R$ 2.510.

Apesar disso, os trabalhadores dessa categoria têm jornadas semanais mais extensas: uma média de 46 horas. Os demais profissionais brasileiros costumam trabalhar 39,5 horas por semana.

Outros destaques da pesquisa

  • Do total da população ocupada no Brasil (87,2 milhões de pessoas), 2,1 milhões realizam trabalho por meio de plataformas digitais de serviços ou obtêm clientes e efetuam vendas por meio de plataformas de comércio eletrônico no trabalho principal. Desse total, 1,490 milhão de pessoas trabalham por meio de aplicativos de serviços (1,7%), e 628 mil utilizam plataformas de comércio.
  • O maior percentual mora no Sudeste, que concentra 57,9% (862 mil pessoas) do total de pessoas que trabalham por meio de aplicativos de serviços.
  • Na pesquisa do IBGE, os trabalhadores poderiam responder que atuavam em mais de um tipo de aplicativo. Foi constatado que, do total de 1,5 milhão de trabalhadores de plataformas, 52,2% (778 mil) exercem o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, em ao menos um dos dois tipos listados (de táxi ou excluindo táxi).
  • Na distribuição por sexo, o levantamento mostrou que a maioria dos trabalhadores por app são homens (81,3%). Na lista geral de trabalhadores ocupados no Brasil, os homens são 59,1%.
  • E, enquanto entre os trabalhadores brasileiros em geral, 60,8% contribuíram para instituto de previdência; entre os "plataformizados", essa porcentagem é de apenas 35,7%.
  • O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores por aplicativo é 5,4% maior do que a média salarial das pessoas que não utilizam plataformas para trabalhar.
  • Isso não acontece, no entanto, com os profissionais de todos os níveis de escolaridade. Entre as pessoas com nível superior completo, o rendimento dos "plataformizados" é 19,2% inferior ao daqueles que não trabalham por meio de aplicativos de serviços.
  • Na região Sudeste, o rendimento dos trabalhadores convencionais também é maior do que o dos que atuam por meio de aplicativos.
  • Apesar do rendimento médio mensal maior, no geral, os trabalhadores por aplicativos também têm uma jornada de trabalho habitual 6,5 horas mais extensa do que a dos demais ocupados.

Como foi feito o levantamento

O levantamento do IBGE analisou informações por meio de Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Foram coletados dados do 4º trimestre de 2022, envolvendo a população ocupada de 14 anos ou mais de idade, e foram desconsiderados os empregados no setor público e militares.

A pesquisa levou em consideração o trabalho único ou principal que a pessoa tinha na semana de referência, além de informações como faixa etária, gênero, região e escolaridade.

O objetivo foi compreender melhor o papel das plataformas em relação aos aspectos relevantes do trabalho, investigando a dependência dos trabalhadores quanto ao valor recebido pelo trabalho, além da influência das plataformas na determinação da jornada de trabalho.

O estudo é experimental e anual, ou seja, está em fase de teste e sob avaliação porque ainda não atingiu um grau completo em termos de cobertura ou metodologia. Além disso, segundo o IBGE, há pontos de sobreposição nos dados, como envolvendo as categorias ocupadas pelos profissionais, já que eles podem usar mais de um tipo de aplicativo.

Fonte: G1