Cauteloso com vacina para adolescente, governo recomendou ampliar uso de hidroxicloroquina em crianças
O mesmo governo que orientou pais a não vacinarem filhos adolescentes, sob o falso pretexto de protegê-los de efeitos adversos, já emitiu uma nota normativa para ampliar o acesso de crianças ao tratamento com hidroxicloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS).
O documento intitulado "Orientações para o manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19" foi divulgado pelo governo Bolsonaro em 20 de maio de 2020. Nele, são elencados 21 pontos para garantir ao maior número de pessoas possível, entre eles crianças, o tratamento de ineficácia comprovada.
Diante da polêmica das vacinas para adolescentes, o item 8 chamou a atenção do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede). Diz o documento:
"Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxidade da cloroquina".
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é contrária ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento de crianças.
Uma das referências citadas para embasar as orientações é o médico Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, atual ministro da Saúde. Ou seja, o Queiroga que aparece como referência no estudo de cloroquina para crianças é o mesmo que mete medo de vacina nos pais de adolescentes. A citação de Queiroga se dá no contexto de uma diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia que trata sobre telemedicina.
Não para por aí. Com base na nota normativa, o Ministério Público Federal ajuizou uma Ação Civil Pública para obrigar o estado de Goías e o município de Goiânia a fornecer cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina aos pacientes com Covid, inclusive crianças a adolescentes.
A maluquice só não vai adiante porque o juiz federal Eiler de Almeida Silva Júnior negou o pedido.
"Este é um governo que dá hidroxicloroquina para o neto, nega vacina para o pai e faz o avô de cobaia" , resume o senador Randolfe Rodrigues.
Fonte: Octavio Guedes/G1