Após recusa de mais de 80 igrejas, casamento de brasileiro com nove mulheres teve cerimônia realizada por padre em SP

Após recusa de mais de 80 igrejas, casamento de brasileiro com nove mulheres teve cerimônia realizada por padre em SP

Casado com oito mulheres, o modelo brasileiro Arthur Medeiros, de 37 anos, conhecido na internet como Arthur O Urso, relatou ao GLOBO que contratou uma equipe de segurança para a mansão onde vive com as esposas, em João Pessoa, após o imóvel ter o muro pichado com os dizeres "família do demônio". O poliamor entre ele e as oito mulheres foi selado em uma cerimônia simbólica em novembro do ano passado, em uma igreja católica em São Paulo. Segundo Arthur, esta foi a primeira vez que ele e as companheiras sofreram uma agressão tão escrachada.

— Eu fico muito surpreso com essa situação, porque eu nunca fiz mal a ninguém e só quero ter a liberdade de viver o amor que eu acredito. Estou acostumado a ouvir frases semelhantes na internet, mas ter o muro da minha casa pichado é algo que precisa ter medidas legais cabíveis. Estamos com medo de tentarem fazer algo diretamente contra nós — relatou o modelo.

O casamento entre Arthur, Bethânia, Tainá, Lorena, Emelly, Melina, Kyara, Luana, Thayenne e Aghata foi simbólico pois no Brasil a poligamia é considerada crime. A cerimônia aconteceu em novembro do ano passado, após entrar em contato com cerca de 83 igrejas, que se recusaram a dar a bênção ao policasal. Quando um padre aceitou a missão, os nove se casaram sem assinar nenhum tipo de contrato. O modelo optou por não revelar o nome da igreja e do padre por medo de sofrerem ataques preconceituosos.

— Não podemos dizer que de fato elas são apenas amigas. Existe o amor, o carinho. Além do mais, vez ou outra nós nos envolvemos entre si no mesmo ambiente. Vivemos como uma família comum, todo mundo faz tudo dentro de casa. A única diferença é que o amor que sinto é diferente pela Luana, por nossa relação de anos, mas não vai demorar muito para o sentimento ser igual com todas — relatou o modelo, explicando, em seguida, que apenas ele tem esposas e as mulheres entre si têm uma relação de carinho, mas sem rótulos.

Início do poliamor

Arthur nasceu em João Pessoa e há sete anos vive um relacionamento aberto. De acordo com o modelo, ele sabia desde a adolescência que não gostaria de viver a monogamia por sentir atração por várias mulheres. Em 2015, Arthur conheceu a influenciadora digital Luana Kazaki, com quem é oficialmente casado no civil, e decidiram juntos que teriam outras parceiras na relação. Ambos conheceram as outras sete mulheres através de amigos em comum, sites de relacionamentos e festas.

— Depois de sete meses juntos, eu e a Luana, quando decidimos que viveríamos um amor livre, fomos para São Paulo, para fugir dos preconceitos. A única que sou casado no civil é com ela, com minhas outras esposas casei simbolicamente.

O que antes era um casal convencional passou a ser, no último ano, um grupo poliamor, formado por Arthur e nove mulheres. Agatha, porém, decidiu se divorciar pouco tempo depois por não aceitar o relação do modelo com as outras mulheres.

— Ela queria me ter só para ela, mas ela sempre soube que eu não sou monogâmico. Fiquei muito triste com a separação e ainda mais surpreso com a desculpa dela de dizer que queria voltar ser apenas um casal. Minhas outras esposas acharam que sua atitude estava errada e que ela aceitou o casamento por aventura e não por sentimentos reais — afirmou o modelo.

Apesar de não querer substituir a mulher que se divorciou, Arthur sonha em casar com mais duas mulheres no futuro, além de ter um filho com cada.

— Eu só tenho uma filha, mas quero ter (um filho) com cada uma das minhas esposas. O amor que sinto por cada um deles é o mesmo. Eu acho que seria injusto ter filhos apenas com uma ou duas delas.

Os nove se mudam para a mansão em João Pessoa para ter mais conforto, segundo Arthur. A casa de quase mil metros quadrados também foi pensada para promover entretenimento entre eles, que saem pouco de casa todos juntos para fugir do preconceito. Algumas vezes, relata o modelo, eles se sentem como “passarinhos dentro da gaiola”. A pichação feita nesta segunda-feira na residência da família também pedia para que os nove moradores deixassem o local.

Fonte: O Globo