Welington Camargo fala sobre fé, música e relembra experiência com Deus durante sequestro

Welington Camargo mesmo de máscara é reconhecido nas ruas da cidade onde mora. O irmão de Zezé Di Camargo e Luciano se orgulha em ter conquistado o seu espaço como cantor gospel e de ter vendido mais de 3 milhões de cópias de seus CDs.
“Eu sempre tive vontade de cantar gospel. Sou cristão desde os 16 anos, mas por um tempo compus e cantei música secular. Até que resolvi cantar só música cristã. Não fazia mais sentido para mim cantar outra coisa. E graças a Deus, ao meu talento e a força de vontade tenho sido muito bem recebido. Antes da pandemia começar, estava com 60 shows marcados. Nem canto em igreja porque o meu público não cabe. Canto para público de 10 mil pessoas para cima. No Rio já cantei para 200 mil pessoas em um evento cristão na praia”, lembra.
“Agora com tudo parado, quando saio de casa, sou reconhecido mesmo de máscara. O carinho do meu público é muito grande. E não é só evangélico que me escuta. Minha equipe fez uma pesquisa e viu que 50% do público que compra meus CDs são de outras religiões. Fico muito feliz por isso.”
Preparando o seu sexto álbum, Welington também divide a rotina entre palestras motivacionais e dando seu testemunho de vida. Paraplégico desde os dois anos, ele gosta de reforçar que as limitações física podem ser vencidas.
“Nas palestras motivacionais tento mostrar que o que a gente quer a gente pode conseguir e que a deficiência física, seja ela qual for, não te impede de ter uma vida e de realizar os seus sonhos”, ressalta.
Welington também fala sobre seu sequestro, que chocou o Brasil em 1998, durante o auge do sucesso de Zezé Di Camargo e Luciano. Agora em abril, os sertanejos celebraram 30 anos de dupla e do hit É o Amor, que mudou também a vida de Welington.
“A gente achou que fosse ser um sucesso médio no Brasil, mas passou os limites da América Latina. Nossa vida mudou da água para o vinho com o sucesso de É o Amor. Com o estouro da dupla, a gente teve que mudar de um dia para outro para outra casa porque era tanta gente querendo conhecer um pouco da família deles, que a gente não tinha tranquilidade. Tinha gente na nossa casa a toda hora”, relembra.
“Na minha vida o impacto foi que contribuiu muito para a minha carreira, por outro lado, teve o sequestro e tive que me reservar mais. Passei a andar com segurança armado e hoje moro em condomínio fechado. Ninguém sabe aonde eu moro, só família. Preservo meus filhos também. Não tem como esconder, mas procuro evitar pelo que aconteceu comigo. Sou uma pessoa que ama estar no meio do povo, mas tenho que me privar de algumas coisas por causa dessa experiência”, diz ele, que é pai de quatro filhos.
EXPERIÊNCIA COM DEUS
Durante 94 dias, ele ficou em um cativeiro e teve um pedaço de sua orelha cortada em meio à negociação finalizada em mais de meio milhão de reais. Apesar do medo, ele diz que teve sonhos em que Deus revelava que ele sairia de lá vivo e viu anjos enquanto era torturado.
“Não precisei de psicólogo depois do sequestro porque sempre acreditei e conversei muito com Deus. Durante o sequestro, orei muito e tinha resposta em sonhos. Deus me dizia que eu sairia de lá. Eu tinha de tudo para morrer ali. Geralmente, em sequestros longos como o meu, as vítimas são assassinadas. No dia em que eles cortaram a minha orelha, a intenção deles era me matar. Eu escutava eles conversando se deviam me enforcar, dar um tiro... Mas não tive medo de morrer porque Deus falou que ia ficar tudo bem”, relembra.
“As pessoas acham uma loucura, mas enquanto cortavam a minha orelha, eu vi anjos. Fiquei ali estático e olhando. Nem senti dor. Deus viu que ao acontecer algo com um servo dele, mandou os anjos para me guardar. Até o corte foi superficial. Fiquei por alguns dias surdo do ouvido esquerdo porque o sangue tinha secado, mas assim que removeram, voltei a ouvir normal. Depois que Deus deu o filho dele, Jesus, para morrer por mim na cruz, esse foi o momento que mais senti o amor de Deus.”
UM NOVO HOMEM
Depois desta experiência, Welington diz que passou a dar mais valor para a vida e para as pessoas. Ele conta que até perdoou os sequestradores.
“Ninguém que passa por isso é a mesma pessoa. Passei a olhar para as pessoas com mais amor e procuro perdoar... Eu cheguei a falar para os bandidos que perdoava o que eles tinham feito, que só queria a Justiça”, conta.
Ele também está sempre ligando para seus familiares para dizer “eu te amo”. O cantor conta que falava com frequência com o pai, Francisco, que morreu no ano passado.
“Era um relacionamento muito bom. Não tinha um dia em que eu não ligava para ele e dizia que o amava. Eu ligo sempre para meus irmãos também para dizer ‘eu te amo’. Por isso, não chorei de arrependimento a morte do meu pai, chorei pela tristeza da perda. Ainda estou abalado. Meu pai me deu forças em tudo que eu fiz, assim como a minha mãe. Meu pai foi o nome da família e minha mãe é o alicerce.”
SONHO
Welington afirma que vive um dia de cada vez. Ele se sente realizado por ter conquistado tantas coisas em sua vida, entre elas, a oportunidade de se apresentar em 15 países.
“Eu acho que como cantor, realizei muita coisa em pouco tempo. Viajei e cantei em 15 países, vendi disco de diamante e platina duplo.... Aprendi despois de tudo que vivi a viver um dia após o outro. Viver um dia como se ele fosse o último. Almejo pouco e colho muito.”
Fonte: Quem News/Globo.com