Testosterona baixa aumenta risco de gravidade da Covid-19 em homens, diz estudo dos EUA
WASHINGTON — A baixa concentração de testosterona no sangue de pacientes homens internados com Covid-19 foi associada a uma tendência de agravamento de casos da doença. É o que aponta estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Washington, publicado nesta terça-feira na revista de publicações médicas JAMA.
Os pesquisadores avaliaram amostras de material genético de 152 pacientes, entre homens, mulheres e crianças, incluindo 143 que foram internados com Covid-19 no Hospital Barnes, na cidade de Saint Louis, no Missouri, entre março e maio de 2020.
O estudo identificou que 66 dos 90 homens acompanhados apresentaram quadros graves da doença e uma taxa de testosterona de 65% a 85% menor que os 24 homens que tiveram quadro moderado, no primeiro e terceiro dias de sintomas. Segundo os pesquisadores, fatores de risco como idade, IMC e comorbidades não interferiram nesta diferença associada ao desenvolvimento severo da Covid-19.
Segundo a pesquisa, a taxa do hormônio em homens adultos é considerada baixa se houver até 250 nanogramas por decilitro. Na admissão em hospital, homens com caso grave de Covid-19 apresentaram média de testosterona de 53 nanogramas por decilitro, enquanto aqueles com quadro moderado tinham concentração de 151 nanogramas por decilitro.
"Nós descobrimos que os homens com Covid-19 que não estavam em estágios graves da doença inicialmente, mas apresentavam baixos níveis de testosterona, tinham mais chance de precisar de tratamento intensivo ou intubação nos dois ou três dias subsequentes", afirma o endocrinologista da Universidade de Saint Louis Sandeep Dhindsa, um dos autores do estudo.
No caso das 62 mulheres cujo material genético serviu ao acompanhamento, não foi atestada relação entre a quantidade do hormônio presente no sangue e a gravidade da manifestação da doença.
De acordo com a pesquisa, a redução da taxa de testosterona se explica pelo contexto de mudança abrupta da condição de saúde do homem, que suprime a produção do hormônio pelas glândulas presentes nos testículos, o que leva à redução da quantidade presente no sangue.
Para avaliar a relação entre a concentração de testosterona e quadros graves da doença, o estudo comparou amostras de pacientes com quadros severos e moderados, a partir do sequenciamento do RNA. A partir disso, foi possível fazer a análise sobre a alteração da concentração e circulação do hormônio.
Fonte: O Globo