Mísseis de exercício militar da China caem em águas do Japão, diz imprensa do país

Mísseis de exercício militar da China caem em águas do Japão, diz imprensa do país
Helicópteros militares chineses sobrevoam a ilha de Pingtan, um dos pontos mais próximos da China continental de Taiwan, na província de Fujian — Foto: Héctor Retamal / AFP Photo

Em um incidente inédito, cinco dos 11 mísseis balísticos lançados nesta quinta-feira (4) pela China durante um exercício militar próximo a Taiwan atingiram o mar do Japão, afirmou a imprensa local.

A China realizou nesta manhã o maior teste com munição real já realizado próximo a Taiwan, em resposta à visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, que Pequim considera parte de seu território.

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, os cinco mísseis caíram dentro da zona econômica exclusiva do Japão, região no mar que faz parte das águas do país e fica a cerca de 370 quilômetros da costa.

Esta é a primeira vez que mísseis da China atingem o mar do Japão, segundo o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi. Kishi disse que o governo japonês enviou um protesto formal à China pela via diplomáticaexclusiva do Japão (ZEE).

A China ainda não se manifestou sobre a acusação do Japão.

Mais cedo, o governo chinês lançou 11 mísseis próximo a Taiwan, no maior exercício militar já realizado pela China na região com munição real.

O governo de Taiwan confirmou os exercícios, e disse ainda que navios da marinha chinesa e aeronaves militares chegaram a cruzar, por alguns instantes, a linha mediana do Estreito de Taiwan, marcação que separa os dois países.

Pequim argumentou que os exercícios militares, assim como outras manobras feitas nos últimos dias em torno de Taiwan, como "justas e necessárias" e culpou os Estados Unidos e seus aliados pela escalada das tensões.

Os exercícios são uma resposta da China à visita da deputada norte-americana Nancy Pelosi a Taiwan. A viagem, que durou menos de 24 horas entre terça-feira (2) e quarta-feira (3), enfureceu Pequim, que considera a ilha parte de seu território.

Sanções

A visita de Nancy Pelosi a Taiwan irritou Pequim, que prometeu fortes retaliações aos Estados Unidos. Até agora, no entanto, foi a ilha asiática que pagou o preço maior pela convidada norte-americana e já começou a sofrer as consequências da visita com uma série de sanções anunciadas pela China.

Na quarta-feira (3), Pequim suspendeu as importações de itens como frutas e produtos de pesca da ide Taiwan, além de paralisar as exportações de areia natural para a ilha. A alfândega chinesa ainda cancelou as importações de 35 exportadores taiwaneses de biscoitos e doces.

Pequim fez também um bloqueio aeronaval não-oficial, como prévia dos exercícios desta quinta-feira.

As represálias, até agora, têm sido vistas mais como simbólicas que práticas, um recado de Pequim ao governo de Taiwan do que mais pode estar por vir. Especialistas avaliam que as pressões do governo chinês à ilha já iriam aumentar, independente da visita da presidente da Câmara norte-americana.

Pelosi em Taiwan

A visita de Pelosi a Taiwan, na terça-feira (2), foi a primeira vez em 25 anos que um alto cargo do tipo dos Estados Unidos visitou a ilha de 24 milhões de habitantes, que a China reivindica ser parte do seu território. Por isso, Pequim disse que a viagem de Pelosi foi um "sinal severamente errado às forças separatistas a favor da independência de Taiwan" .

Na visita, que durou menos de 24 horas, Pelosi encontrou-se com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fez uma visita ao museu de Direitos Humanos de Taipei e visitou o Parlamento.

Embora Nancy Pelosi tenha falado em nome dos Estados Unidos, a visita da presidente da Câmara não foi unanimidade dentro do país. Em 21 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - que é do mesmo de Pelosi e próximo a ela - afirmou que os militares avaliavam que a visita não era "uma boa ideia".

Ainda assim, a líder da Câmara, que tem um histórico de confronto com a China, insistiu na viagem. Há 30 anos, Pelosi apareceu de surpresa na Praça da Paz Celestial com cartazes em homenagem aos dissidentes do governo chinês mortos no protesto que marcou o local em 1989.

Fonte: G1