Hospitais de SC relatam escassez de medicamentos para tratar pacientes com Covid-19
A Associação de Hospitais de Santa Catarina (AHESC) enviou um documento ao governo estadual nesta sexta-feira (12) afirmando que é eminente a possibilidade de falta de medicamentos nas unidades de saúde catarinenses. Segundo a entidade, hospitais e clínicas também enfrentam dificuldade por conta do elevado custo dos insumos chamados de kits entubação usados no tratamento de pacientes com Covid-19.
Na quinta-feira (11) o Hospital Governador Celso Ramos (HGCR), em Florianópolis, encaminhou um ofício ao governo afirmando estar em alerta máximo e preocupado com a a falta de alguns fármacos utilizados para entubação e sedação de pacientes. Os hospitais Nereu Ramos, na capital, e o Tereza Ramos, em Lages, na Serra catarinense, também se manifestaram e pediram ajuda ao governo.
No documento, a AHESC pediu um encontro com o governo para tratar o caso. Segundo a entidade, existe a ciência de que a responsabilidade da aquisição de medicamentos é dos hospitais e clínicas. Porém,
"(...), devido a gravidade do momento e da disponibilidade do atual estoque, é insuficiente para o atendimento aos pacientes Covid e também as demais enfermidades, precisamos que o governo do estado atue, para regularizar esta situação", disse a entidade.
Em Ituporanga, no Vale do Itajaí, o diretor do Hospital Bom Jesus Daniel Ribas dos Santos afirmou que a unidade está com a capacidade de atendimento saturada por conta do aumento de pacientes e poucos remédios. Além disso, os preços dos medicamentos estão cada vez mais altos.
"Está difícil de encontrar medicamentos no mercado, com os fornecedores. Quando se encontra, o preço já está sendo pra muito mais elevado do que o praticado", disse.
No Hospital de Lages, o medicamento Brometo de Rocurônio, que é um bloqueador neuromuscular, está em falta. No documento enviado ao estado quinta, a direção avisou a situação ao estado e afirmou que a falta desses insumos pode prejudicar o tratamento contra a Covid--19.
Até quinta (11), 717.454 pessoas foram diagnosticadas com o coronavírus e 8.377 delas morreram, segundo o boletim do governo do estado. Há 387 pacientes na lista de espera por um leito de UTI Covid e 85 morreram antes de conseguir uma vaga, de acordo com levantamento feito pelo G1.
De acordo com a presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina (FEHOSC), irmã Neusa Lucio Luiz, os estoques duram apenas uma semana. A entidade afirma que acompanha de perto a questão.
"Está sendo uma preocupação muito grande dos diretores de todos os hospitais. A gente vem acompanhando uma conversa, como que um grito de socorro dos nossos diretores por estar com uma superlotação nas emergência dos hospitais e a dificuldade de aquisição desses kits de entubação, principalmente", disse.
O que diz o governo
Em nota, o estado afirmou que por causa do aumento da demanda nacional os medicamentos estão escassos. Em março, segundo a Secretária de Estado da Saúde (SES), o consumo dos hospitais dobrou em alguns remédios.
A SES afirmou que há estoque do chamado kit entubação. Porém, o estado vivencia risco de desabastecimento de itens importante. O governo informou ainda que o Ministério da Saúde vai enviar insumos para nos próximos dias. Em fevereiro, o governo catarinense já havia solicitado apoio ao Ministério.
Fonte: Jéssica Berger, Marina Dalcastagne e Caroline Borges, G1 SC e NSC TV