Hipotermia extrema: entenda o que aconteceu com corpo de mulher congelada que voltou à vida
Poderia um corpo sobreviver, depois de ser completamente congelado? Quando foi encontrada na neve, em 1980, Jean Hilliard estava “como um pedaço de carne recém-retirado do freezer”. Depois de um acidente de carro, Jean ficou presa numa vala com temperaturas abaixo de -22°C e, surpreendentemente, voltou à vida.
Depois de perder o controle do carro que dirigia, durante uma madrugada congelante, Jean foi à pé na neve até a casa de um amigo, que ela achava morar próximo. Depois de andar por quase uma hora, a jovem escorregou e caiu de cara na neve, onde desmaiou e permaneceu por mais de seis horas. Wally Nelson só a encontrou na manhã seguinte, quando a amiga já estava com os membros enrijecidos, a pele esbranquiçada e os olhos abertos.
Jean Hilliard teve um quadro extremo de hipotermia, caracterizado pela queda significativa da temperatura corporal. Para realizar as suas funções metabólicas, o corpo humano precisa estar em torno de 36°C. Quando despenca o número despenca para 35 º C ou menos, o corpo perde mais calor do que produz, o que gera a diminuição do ritmo cardíaco e o abrandamento dos processos neurológicos. Se a pessoa ficar muito tempo no frio extremo ou se a temperatura corporal continuar caindo, a hipotermia pode levar à morte.
Na manhã seguinte, quando encontrou a amiga, Nelson a levou para o hospital às pressas. O corpo da jovem estava tão duro que os médicos nem precisaram usar uma maca. A partir de sua chegada, começou uma corrida frenética para aquecer o corpo de Jean o mais rápido possível para que ela voltasse à vida.
O médico George Sather, que tratou Jean em 1980, disse ao New York Times que “seu corpo estava frio e completamente sólido, como um pedaço de carne recém-retirado do freezer”. Apesar disso, ela teve sorte: algumas horas depois, Jean acordou e começou a falar. A jovem ficou no hospital por sete semanas, para que fosse monitorada e reaprendesse a andar. Até hoje, ela é a única pessoa a 'voltar à vida' sem lesões permanentes depois de estar “congelada”.
Em casos raros como o de Jean Hilliard, um corpo resfriado pode frear o processo de morte por tempo suficiente para lidar com um pulso baixo. A pele dela estava tão rígida que os médicos não conseguiam furá-la com uma agulha e a sua temperatura não conseguia ser medida em um termômetro. Os batimentos cardíacos de Jean eram baixos, mas existentes, em torno de 12 batimentos por minuto (bpm). A frequência cardíaca normal é de 50 bpm a 100 bpm.
- Eu realmente não consigo explicar como ela está viva. É realmente um milagre, disse George Sather ao New York Times.
Fonte: O GLOBO