Dr. Jairinho é investigado por agressões a três crianças; entenda
Com o novo depoimento de uma ex-namorada de Dr. Jairinho, Débora Melo Saraiva, já são três casos investigados pela polícia sobre crianças supostamente agredidas pelo vereador – que nega ter cometido as violências.
Jairinho e a atual namorada, Monique Medeiros, estão presos desde 8 de abril por suspeita de homicídio duplamente qualificado do menino Henry Borel, de 4 anos, filho dela.
Veja abaixo os casos de agressões investigados.
Henry Borel
O menino foi levado para o hospital onde foi decretada sua morte na madrugada do dia 8 de março, quando estava em casa com o casal Jairinho e Monique.
Uma análise feita no corpo da criança tinha hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na cabeça; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração no fígado, entre outros sinais de contusões.
Investigando a morte da criança, a polícia descobriu outros relatos de agressão contra o menino.
Uma babá disse em depoimento essa semana à polícia que viu o menino Henry Borel mancar no dia 12 de fevereiro, após ficar 10 minutos trancado com o padrasto.
Foi nesse dia que a babá, Thayná Ferreira, narrou uma sessão de tortura para a patroa em mensagens no celular, também recuperadas pelos investigadores. E a empregada doméstica casal também relatou que viu o menino mancando depois de ficar no quarto com Jairinho.
Ambas as funcionárias mudaram seus relatos depois da prisão de Jairinho e Monique.
Filho de Débora Melo
Dr. Jairinho e Débora começaram a se relacionar no final de 2014 e ficaram juntos 6 anos. Em um primeiro depoimento, ela afirmou que o relacionamento era conturbado, mas não houve agressão.
Na sexta-feira, porém, ela prestou novo depoimento no qual relatou episódios de violência de Jairinho contra seu filho. De acordo com o delegado Antenor Lopes, Débora também falou que "foram tantas agressões que ela sequer consegue lembrar quantas vezes ela apanhou do vereador Douror Jairinho".
Débora contou sobre agressões ao filho, que hoje tem 8 anos, que teriam acontecido quando o menino tinha 3. A criança contou que Jairinho colocou um papel e um pano na boca dele e disse que ele não poderia engolir. O menino teria afirmado então que Jairinho o deitou no sofá da sala, ficou em pé no sofá e apoiou todo o peso do corpo no menino com o pé.
O filho também narrou que, em outra ocasião, Jairinho teria colocado um saco plástico em sua cabeça e ficou dando voltas com o carro.
Uma outra filha de Débora teria confirmado relatos de agressão do menino. Débora lembrou ainda de outra agressão, também em 2015. Ela diz que Jairinho insistiu para levar a criança numa casa de festas e que depois, o vereador ligou dizendo que Enzo havia torcido o joelho.
Jairinho levou então a criança, segundo o relato, para um centro médico, para fazer um raio-x e que lá foi constatado que o menino estava com o fêmur quebrado. A mulher diz que estranhou o fato de Enzo não ter chorado em nenhum momento, diante de uma lesão tão grave e que ficou apenas "amuadinho".
Filha de outra ex-namorada
Outra denúncia de agressão de Jairinho a uma criança foi feita por outra ex-namorada do vereador, mãe de uma menina que hoje tem 13 anos. A menina prestou depoimento em março na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).
"O Jairinho que eu conheço, que a minha filha descreve, que fez o que fez com ela, eu hoje oro a Deus pelo livramento de não ter sido ela [que morreu]. Porque ele podia ter matado a minha filha", disse a ex-namorada ao Fantástico. A mulher pediu para não ser identificada pelo programa.
A ex-namorada diz ainda que sua filha passava por situaões semelhantes as que as investigações indicam que foram vividas por Henry: “Eu falava que ele estava vindo, aí ela passava mal, vomitava, me agarrava. Ou então pedia à minha mãe: 'Posso ficar com você, vó? Eu não quero ir, quero ficar aqui'.
Prisões ajudaram a revelar novos fatos, diz delegado
Diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), Antenor Lopes disse que a prisão de Jairinho e Monique Medeiros foi importante para que testemunhas trouxessem novos fatos à 16ª DP (Barra da Tijuca).
“Foi muito importante o pedido de prisão temporária feito pela delegado Henrique Damasceno à justiça, porque após as prisões do casal, as testemunhas vêm comparecendo e apresentando, sim, novas versões, trazendo temores, e corrigindo seus depoimentos, e agora desta vez trazendo fatos que comprovam aquela linha de homicídio duplamente qualificado”, disse Antenor.
Antenor Lopes também disse que o delegado do caso ainda não decidiu se vai pedir um novo depoimento de Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, presa temporariamente.
“Ela acabou de trocar de defesa. Não necessariamente ela vai ser ouvida aqui”, afirmou o delegado.
Fonte: Henrique Coelho, G1 Rio