Caso Henry: Polícia Civil intima psicóloga a depor na investigação sobre a morte do menino

Caso Henry: Polícia Civil intima psicóloga a depor na investigação sobre a morte do menino
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos Foto: Reprodução

RIO — A Polícia Civil do Rio intimou uma psicóloga para que preste depoimento nos próximos dias sobre o acompanhamento terapêutico que vinha fazendo com Henry Borel Medeiros, de 4 anos, desde o início de fevereiro — um mês antes da morte do menino. A profissional foi escolhida pela mãe da criança, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva — que, em quatro meses se separou do engenheiro Leniel Borel de Almeida e foi morar com o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade) — para que orientasse a família na nova etapa de vida.

De acordo com o engenheiro, após o pedido de divórcio feito pela professora, o casal chegou a conversar sobre a necessidade das consultas. Leniel sugeriu uma profissional em Madureira, mas Monique optou por outra, pela proximidade de seu consultório com o apartamento para onde se mudou com Jairinho e o filho em novembro, no condomínio Majestic, na Barra da Tijuca.

Desde o início de fevereiro, Henry havia participado de cinco sessões com a psicóloga. Ele também estava matriculado em uma sala de 15 alunos da Pré-Escola do Colégio Marista São José, que fica a quatro minutos de carro do Majestic, onde frequentou 20 dias de aula. Funcionários, professores e pais de alunos não chegaram a notar nenhuma anormalidade no comportamento da criança.

Em seu último fim de semana de vida, Henry foi buscado pelo pai e levado ao apartamento em que moravam juntos, na Estrada do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. De lá, foram visitar a avó materna do menino, em Bangu; passaram em uma igreja evangélica, na Barra; e brincaram em um parque de diversões de um shopping, também no Recreio.

Por volta de 19h20 do dia 7, Leniel deixou o filho com Monique. Segundo o depoimento prestado pela professora na 16ª DP (Barra), o menino chegou chorando e, como era de costuma quando estava nervoso, vomitou. Para acalmá-lo, ela o levou a uma padaria próxima. Às 20h, já no apartamento, onde também estava Jairinho, Henry tomou banho e foi colocado para dormir na cama do casal.

Aos policiais, Monique contou ter ido assistir a uma série na TV com Jairinho na sala, quando, por volta de 3h30, encontrou o menino caído no chão do quarto, com mãos e pés gelados e olhos revirados. A professora disse acreditar que o filho possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama e se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona.

Jairinho confirmou as informações prestadas por Monique e disse ter dormido após tomar três medicações de que faz uso há cerca de dez anos e, ao ser acordado pela namorada, foi urinar. Com os gritos da moça, ele disse ter caminhado até o quarto. No local, o vereador diz ter colocado a mão no braço de Henry e notado que o menino estava com temperatura bem abaixo do normal e com a boca aberta, parecendo respirar mal.

Ontem, o Fantástico, da TV Globo, divulgou um depoimento prestado por uma ex-namorada de Jairinho que contou ter trocado mensagens com ele naquela madrugada. Ela disse ter escrito para o parlamentar: “Estou cansada de você” e recebido como resposta, à 1h47, “Pelo amor de Deus.”

Jairinho e Monique levaram Henry à emergência do Hospital Barra D’Or, mas de acordo com as três médicas pediátricas que o atenderam, o menino já chegou morto à unidade de saúde e com as lesões descritas no laudo de necropsia, que apontam que a criança sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente. Para peritos, equimoses, hematomas, edemas e contusões apresentadas no corpo de Henry não são compatíveis com um acidente doméstico.Até o momento, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, já ouviu 15 testemunhas do caso, incluindo parentes, vizinhos e funcionários da família.

Fonte: Paolla Serra/O Globo