Biden promete lutar contra decisão de juiz que proibiu pílula do aborto nos EUA

Biden promete lutar contra decisão de juiz que proibiu pílula do aborto nos EUA

Uma decisão de um juiz federal do estado americano do Texas, nessa sexta-feira, reverteu a liberação do uso do medicamento para aborto mifepristone, autorizado pela FDA – a autoridade sanitária americana – há 23 anos. O remédio é vendido em farmácias e teve o acesso ampliado pelo governo do presidente americano Joe Biden, após a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubar o precedente legal sobre direito ao aborto — o histórico caso Roe vs. Wade — em junho, abrindo caminho para estados proibirem totalmente o procedimento.

A decisão de proibir o medicamento pode dificultar o acesso ao aborto legal inclusive em estados onde o direito não foi contestado. O juiz Matthew Kacsmaryk deu sete dias para a FDA recorrer. Kacsmaryk foi indicado durante o governo do ex-presidente Donald Trump e é um crítico do precedente legal que permitia o aborto nos Estados Unidos e foi revertido, no ano passado.

Minutos depois da decisão dele, um juiz federal do estado de Washington — Thomas Rice, indicado no governo do ex-presidente Barack Obama — decidiu, em outro processo, que a FDA não deve fazer alterações que restrinjam o acesso à pílula, nos 18 estados que entraram com o pedido ampliação da disponibilidade do remédio.

O contradição entre as duas decisões, todas em primeiro julgamento na instância federal, tem potencial para chegar à Suprema Corte. O presidente americano, Joe Biden, disse que vai brigar para derrubar a proibição. “Isso não afeta apenas as mulheres do Texas”, declarou Biden, em um comunicado, completando que “se isso for mantido, poderá impedir o acesso de mulheres em todos os estados ao medicamento, independentemente do aborto ser legal ou não no estado”

O caso provocou fortes reações, nos Estados Unidos, e está sendo considerado o mais importante posicionamento legal sobre direito ao aborto desde que a Suprema Corte derrubou uma decisão de 1973, que permitia a interrupção legal da gravidez até o primeiro trimestre de gestação. O posicionamento da Suprema Corte abriu caminho para, pelo menos, 13 estados americanos proibirem o aborto. Muitos casos ainda estão em disputa judicial. No estado da Georgia, por exemplo, a interrupção da gestação só é permitida até seis semanas, quando muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas.

Fonte:  O Globo com New York Times