Empresários que defenderam golpe via whatsapp são alvo da PF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal cumpra mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo em um aplicativo de mensagens.
Os mandados são cumpridos nesta terça-feira (23) em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Além das buscas, Alexandre de Moraes também determinou:
- bloqueio das contas bancárias dos empresários;
- bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais;
- tomada de depoimentos;
- quebra de sigilo bancário.
Mensagens reveladas pelo site "Metrópoles" mostram que empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, passaram a defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula (PT), também candidato à Presidência, vença as eleições de outubro.
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou Bolsonaro em segundo lugar, com 32% das intenções de voto, enquanto Lula aparece em primeiro, com 47% das intenções.
São alvos da operação desta terça:
- Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu);
- Ivan Wrobel (W3 Engenharia);
- José Isaac Peres (Multiplan);
- José Koury (Barra World);
- Luciano Hang (Havan);
- Luiz André Tissot (Sierra);
- Marco Aurélio Raymundo (Mormaii);
- Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
A defesa de Luciano Hang enviou a seguinte manifestação do cliente: "Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros. Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu nunca, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF. Eu fui vítima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente está em parte das redações pelo Brasil."
Daniel Maia, advogado do empresário Afrânio Barreira, disse que a operação é "fruto de perseguição política e denúncias falsas, as quais não têm nenhum fundamento". Disse ainda que o cliente está "absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará no arquivamento da investigação".
A assessoria de Luiz André Tissot informou que a empresa e o empresário não irão se manifestar sobre o tema.
A defesa de Ivan Wrobel informou que o cliente tem "histórico de vida completamente ligado à liberdade". "Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos", informou.
A GloboNews e o g1 tentavam contato com a defesa dos demais empresários até a última atualização desta reportagem.
Pedido de investigação
A colunista do Andréia Sadi já havia informado que um grupo de advogados e entidades apresentou ao STF um pedido para que os empresários fossem investigados no inquérito que apura atuação de milícias digitais contra a democracia e as instituições.
Fonte: Camila Bomfim, GloboNews — Brasília