Varíola: especialista explica doença que já tem mais de 900 casos

Varíola: especialista explica doença que já tem mais de 900 casos
A doença, que é endêmica na África, até o dia 6 de junho já havia registrado mais de 900 casos confirmados em 27 países. (Foto: Divulgação Unimed)

O Ministério da Saúde do Brasil já está monitorando sete casos suspeitos da Monkeypox no país. A doença, que é endêmica na África, até o dia 6 de junho já havia registrado mais de 900 casos confirmados em 27 países, com predominância na Europa e na América do Norte, causando medo de alastramento em todo o mundo. Após a pandemia de efeitos catastróficos, como foi a da Covid-19, o mundo se mantém em alerta e acompanha a evolução do surto deste tipo de varíola.

“A varíola, também conhecida como doença de bexiga, é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus Orthopoxvirus Variolae. Foi considerada uma das doenças mais mortais do planeta, afeta o sistema imunológico e provoca diversas deformações na pele. As pústulas que se formam no corpo possuem um líquido, semelhante ao pus, e surgem inicialmente na região da face e espalham-se rapidamente pelo resto do corpo”, explica a infectologista cooperada Unimed Sergipe, Mariela Cometki.

O nome Monkeypox deriva da espécie em que a doença foi inicialmente descrita em 1958. Trata-se de uma doença zoonótica viral, cuja transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus. Apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios. Segundo Dra. Mariela, o índice de mortalidade da doença gira em torno de 1% a 10% e crianças e gestantes fazem parte do grupo de risco. Até o momento, o mundo não registrou nenhum óbito causado pela Monkeypox. Os sintomas da doença podem ser leves ou graves, e as lesões na pele podem ser pruriginosas ou dolorosas.

“Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai”, exemplifica a infectologista. O diagnóstico da varíola pode ser feito a partir da história médica do paciente e da observação das lesões características. Os testes de laboratório são feitos para confirmar o diagnóstico.

A transmissão da Monkeypox acontece através do contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal), ou ainda pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis. Casos mais leves podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa. “Residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes, vivos ou mortos, que possam abrigar o vírus da Monkeypox, como roedores, marsupiais e primatas e devem abster-se de comer ou manusear caça selvagem”, aconselha Dra. Mariela. De acordo com a médica, o Hospital Unimed, em Aracaju, já está atento aos casos e, através da sua Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), promoverá um treinamento para sua equipe assistencial.

Segundo a infectologista, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel são importantes para evitar a exposição ao vírus, além de evitar contato com pessoas infectadas e usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação contra a varíola comum mostrou ser protetora contra a varíola dos macacos. No entanto, essa vacina deixou de ser aplicada no país em 1973, já que a doença foi considerada erradicada em todo o mundo.

Anvisa

Na última terça-feira, 31, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota técnica com orientações para prevenção e controle da Monkeypox nos serviços de saúde. O documento descreve os principais sintomas da doença, como ocorre a transmissão, como é feito o diagnóstico e orienta acerca da identificação e acompanhamento dos casos. Na última sexta-feira, 3, em reunião com o setor da aviação civil, a Anvisa reforçou as medidas sanitárias vigentes em aeroportos e aeronaves. De acordo com a Agência, as medidas adotadas para evitar a propagação da Covid-19 também protegem contra a Monkeypox.

No último dia 2, a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, divulgou um Informe da Sala de Situação, com objetivo de divulgar de maneira rápida e eficaz as orientações para possíveis casos de Monkeypox no país. Até o dia 6 de junho, o Brasil investiga sete casos suspeitos nos estados do Ceará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rondônia e São Paulo.
 

Fonte: Unimed SE