Terra Yanomami zera alertas de garimpos ilegais pela primeira vez desde 2020, indica Polícia Federal
Alertas de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami zeraram pela primeira vez desde 2020. O monitoramento por satélite feito pela Polícia Federal identificou que o território está há 33 dias sem novas áreas de exploração. O dado foi divulgado nesta terça-feira (20).
Em maio e abril do ano passado, a região somava 538 alertas - este ano, no mesmo período, caiu para 33, uma redução de 93%. Agora, esses alertas estão zerados.
Para identificar os alertas de garimpo no meio da floresta, o sistema via satélite usado pela PF captura se houve desmatamentos comuns à atividade garimpeira. A queda é percebida desde o início deste ano, quando foram deflagradas ações contra os criminosos ambientais - entre elas, a Operação Libertação, da PF.
"Esta é a primeira vez, desde o início deste tipo de monitoramento, em agosto de 2020, que se observa a ausência de alertas de garimpos por um período tão longo de tempo. Tais resultados indicam que, pela primeira vez nos últimos anos, não houve novas áreas de garimpo ilegal sendo exploradas", informou a PF.
A pesquisa final que não identificou nenhum novo garimpo foi feita no último dia 8. As imagens dos satélites são processadas diariamente e consolidadas a cada sete dias.
Com essa drástica redução, a PF afirma que inicia uma nova fase da Operação Libertação na Terra Yanomami. "O foco será ocupar áreas dentro da reserva para assegurar a retomada da normalização da prestação de serviços básicos aos Yanomami."
Alvo há décadas de garimpeiros ilegais, a Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil, enfrentou nos últimos o avanço desenfreado da atividade ilegal no território. No ano passdo, a devastação chegou a 54% - cenário que tem mudado com as ações deflagradas desde janeiro deste ano.
A Terra Indígena Yanomami é o maior território indígena do país, com mais 10 milhões de hectares. O número corresponde a extensão aproximada do estado do Pernambuco.
Coordenada pela PF, a Operação Libertação ocorre com apoio do Exército, Força Aérea, Marinha, Força Nacional, Funai, Ibama, e Polícia Rodoviária Federal. Atualmente, há mais de 80 procedimentos investigativos em andamento derivados das atividades que apuram crimes nas mais diversas áreas, desde a lavagem de capitais e mineração ilegal até o tráfico de pessoas na Terra Yanomami.
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública. Desde então, o governo Federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território - este último tem como linha de frente o Ibama, PF, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal.
Fonte: Valéria Oliveira, g1 RR — Boa Vista