Família volta para casa após ficar um mês em maternidade com bebê por falta de registro civil da mãe

Família volta para casa após ficar um mês em maternidade com bebê por falta de registro civil da mãe
Família volta para casa após 29 dias em hospital de Teresina por falta de documentos da mãe do recém-nascido — Foto: Reprodução Pessoal

Após um mês de espera, a jovem Maria Cristina Oliveira de Lima e o filho Yuri finalmente voltaram para casa. Os dois tiveram alta médica negada durante um mês após o parto e ficaram todo esse tempo na da Maternidade Municipal do Promorar, Zona Sul de Teresina, por falta de registro civil da mãe. A família já retornou para Miguel Alves, a 119 km da capital, onde mora.

De acordo com o pai da criança, Ronielson Amorim, a família finalmente conseguiu a certidão de nascimento da mãe após um mês no hospital, mas a direção em um primeiro momento negou a liberação da mãe mesmo com o documento. Segundo ele, a liberação da mãe e do filho aconteceu após intervenção do prefeito de Miguel Alves.

"Só com a certidão de nascimento dela não liberaram a gente, quem conseguiu tirar a gente foi o prefeito daqui da cidade de Miguel Alves", explicou o pai.

Em nota, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que alta foi concedida na noite de terça (8) após apresentação do documento da mãe. (Veja a nota completa no fim desta reportagem).

Um mês na maternidade

O casal chegou a Teresina no dia 9 de janeiro, onde Maria teve parto normal. Já no dia seguinte, o médico deu alta clínica para a jovem. Contudo, a maternidade não autorizou a liberação da mãe e do recém-nascido por falta do registro civil da jovem.

Em entrevista ao g1, na manhã da terça (8), a defensora pública Patrícia Monte, que acompanha o caso de Maria Cristina, disse que manter pacientes em hospitais após alta médica configura restrição ilegal de liberdade.

“A gente não critica a posição do médico, no entanto, é um absurdo manter essa parturiente no hospital. Isso é uma restrição ilegal de liberdade. Deveria ter sido dada a alta hospitalar mesmo que não tivesse sido lavrada a DNV e depois se providenciasse esse fato. O que é ilegal é essa restrição de liberdade da mãe” pontuou a defensora.

Ao g1, a direção da Maternidade do Promorar explicou que a jovem deu entrada na unidade com um documento não oficial. Depois foi descoberto que Maria Cristina Oliveira de Lima não tinha Declaração de Nascido Vivo (DNV), o que impediu de registrar qualquer documento civil em seu nome.

Tema da Redação do Enem 2021

A falta de documentação, problema vivido por Maria Cristina, foi o tema da redação do Enem 2021 "invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil".

A redação fez parte do primeiro dia de prova, realizada em novembro de 2021. Segundo o dado mais recente, o Brasil tem 3 milhões de pessoas sem nenhum documento.

Nota da FMS

A direção da maternidade do Promorar informa que a paciente e o recém-nascido receberam alta ontem (09) às 20H30 após a apresentação de documento de identificação da mãe que permitiu a emissão da Declaração de Nascidos Vivos-DNV.

A direção esclarece que a apresentação de documentos da mãe é uma exigência legal para que a unidade de saúde possa emitir a DNV e que segue segue o que determina a lei.

Fonte:  Layza Mourão*, G1 PI