Representantes do WhatsApp se reúnem com Bolsonaro e confirmam megagrupos somente depois das eleições

Representantes do WhatsApp se reúnem com Bolsonaro e confirmam megagrupos somente depois das eleições
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia militar no Palácio do Planalto, no último dia 5 Foto: Adriano Machado/Reuters

BRASÍLIA — Em reunião com o presidente Jair Bolsonaro, realizada na manhã desta quarta-feira no Palácio do Planalto, representantes do WhatsApp reafirmaram que o lançamento no Brasil de um novo recurso do aplicativo, batizado de Comunidades, só ocorrerá depois das eleições. A empresa disse, no entanto, que a definição dessa data não faz parte do acordo firmado com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"A data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", disse a empresa, em nota divulgada após o encontro. 

O Whatsapp acrescentou que continua a "avaliar o momento exato para o lançamento da funcionalidade no Brasil e comunicaremos a data quando estiver definida", destacando que "isso só acontecerá após as eleições de outubro".

Bolsonaro havia criticado a possibilidade da decisão ter sido tomada como parte de um acordo com o TSE, chamando o fato de "inaceitável".

Estavam presentes na reunião o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e quatro representantes do WhatsApp: Dario Durigan (head de Políticas Públicas para o WhatsApp na Meta Brasil), Guilherme Horn (head do WhatsApp no Brasil), Murillo Laranjeira (Public Policy Director na Meta Brasil) e Eduardo Lopes, (Public Policy Manager na Meta Brasil).

A funcionalidade Comunidades vai permitir a criação de subgrupos dentro de um grupo principal, para a discussão de diferentes temas. O usuário, ao ingressar em uma comunidade, poderá ver quais temas estão sendo abordados nas diferentes salas de bate-papo, escolhendo em qual quer ingressar. Especialistas apontam que o novo recurso pode facilitar circulação de notícias falsas.

De acordo com Fábio Faria, a empresa relatou na reunião que não há data definida para inaugurar o novo recurso em nenhum país.

— Eles não têm essa data em nenhum lugar do mundo. Eles não começaram a implementar esse novo recurso. Eles acham que isso vai ocorrer no segundo semestre. Não tem um mês, não tem nenhuma precisão em relação a isso.

O ministro relatou ainda que, após ouvir a explicação da empresa, Bolsonaro "entendeu completamente" e disse que o governo não pretende interferir no mercado.

— O presidente, depois que ouviu isso deles, entendeu completamente. Sendo uma decisão da empresa, é uma decisão do mercado. Não tem pro que nem como Poder Executivo.

Em fevereiro, o WhatsApp firmou, junto com outras redes sociais, um acordo com o TSE para combater a desinformação durante as eleições. A empresa, contudo, diz que o lançamento do Comunidades não faz parte desse acordo. 

Há duas semanas, Bolsonaro afirmou que se o WhatsApp poderia fazer um acordo com o TSE, também poderia fazer com ele.

— Já conversei com o (ministro das Comunicações) Fábio Faria. (Ele) vai conversar com representante do WhatsApp aqui no Brasil para explicar (o acordo). Se ele (WhatsApp) pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não? — disse Bolsonaro, em entrevista à CNN Brasil, durante o feriado de Páscoa no Guarujá.

Fonte: Jussara Soares e Daniel Gullino/O Globo