Reconstituição 3D da Boate Kiss é anexada como prova no processo, diz MP-RS
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O Ministério Público do RS anexou, nesta quarta-feira (17), aos autos do processo do incêndio na Boate Kiss uma recriação interativa do ambiente onde aconteceu a tragédia, para servir como prova.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta, os promotores do caso falaram sobre a atuação do órgão no júri dos quatro réus pela tragédia, que matou 242 pessoas e feriu outras 636 em Santa Maria, na Região Central do RS. O incêndio completou 8 anos em janeiro de 2021.
"O trabalho de recriação que foi realizado pela UFSM vai nos mostrar exatamente que ambiente que estamos e a possibilidade de percorrer esses ambientes", explica a promotora do caso Lúcia Helena Callegari.
De autoria da antropóloga argentina Virgínia Vecchioli, a reconstrução em 3D foi iniciada em 2016, a partir do escaneamento de todos os ambientes. Para a antropóloga, o prédio era um "labirinto".
Outro projeto da professora, que reconstituiu um centro de tortura da ditadura argentina, já havia sido usado como prova em um julgamento de crimes contra a humanidade cometidos durante o regime militar do país vizinho, entre 1976 e 1983.
O julgamento começa no próximo dia 1º de dezembro, no Foro Central, em Porto Alegre. Irão ao banco dos réus os empresários e sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão, por homicídios simples e tentativas de homicídios.
'Condenação e prisão'
O Ministério Público do RS espera que o julgamento dos quatro réus pelo incêndio na Boate Kiss acabe com a condenação e a prisão dos acusados. Todos eles estão soltos atualmente.
"O Ministério Público vai pedir não só a condenação, mas a prisão. Não se está falando em vingança, está se falando em justiça, em uma resposta", afirmou Lúcia Helena Callegari, promotora que atuará no caso.
Lúcia também expressou o desejo de que o júri tenha uma conclusão. "Que nenhuma manobra aconteça para que nós tenhamos cisões e para que o julgamento não termine. Para que nós não tenhamos que reviver de novo esse sofrimento. Cada vez que a gente está falando nesse julgamento é uma ansiedade, é um sofrer a cada pessoa que passou por isso", diz.
A expectativa é que o julgamento popular dure cerca de duas semanas.
O MP também informou que pediu ao gabinete de crise do coronavírus do estado para que o número de familiares permitidos no julgamento seja ampliado. "Já que não podemos que aconteça em Santa Maria, que era o desejo dos familiares e do MP, que seja possível que o maior número de parentes esteja presente".
Fonte: G1 RS