Mulher com tumor gigante é confundida com grávida e busca por cirurgia: Não aguento mais dor

Mulher com tumor gigante é confundida com grávida e busca por cirurgia: Não aguento mais dor
À esquerda, Elza antes do tumor; à direita, Elza recebendo medicamento na veia devido às dores intensas — Foto: Arquivo Pessoal

Elza Mar Fidalgo de Jesus, de 38 anos, moradora de São Vicente, no litoral de São Paulo, começou a sentir fortes dores abdominais em junho de 2021, e foi diagnosticada com um tumor teratoma. A doença evoluiu rapidamente, e a barriga cresceu ao ponto de ela ser constantemente confundida com gestante. Desde então, ela luta para conseguir uma cirurgia de remoção do tumor, ainda sem sucesso.

"Não aguento mais tanta dor, ir a hospitais para tomar medicação para dor. Meus braços estão cheios de veias estouradas", relata.

Elza mora com o marido, Ricardo Sergio da Silva Souza, de 39 anos. Em entrevista ao g1, o casal falou sobre a saga para tentar conseguir o procedimento. Em junho, Elza começou a sentir as dores e logo buscou atendimento médico. Mesmo antes de conseguir o diagnóstico, o abdômen dela começou a crescer muito, tornando comum a confundirem com uma grávida.

A partir de agosto, com a confirmação do tumor teratoma, que surgiu de um cisto no ovário, o atendimento nos hospitais públicos mudou para pior, segundo Elza.

"Era bem atendida nos hospitais enquanto achavam que eu estava grávida. Quando percebiam que era um tumor, o atendimento mudava completamente", relata a paciente.

Rotina
O marido Ricardo explica que, com a piora do quadro clínico da companheira, ele optou por largar o trabalho. "Moramos só eu e ela. Não posso sair para trabalhar e deixar ela sozinha, ela precisa de mim para tudo agora", desabafa.

Como consequência do tumor, Elza também está com água na barriga e falta de cálcio. Por isso, os ossos e veias dela estão mais fracos. Recentemente, ao levantar da cama, ela trincou a costela, o que aumentou ainda mais suas dores.

Para aliviar o sofrimento, a paciente precisa receber medicação na veia, porque o casal não tem condições para comprar remédios. A rotina nos hospitais, porém, também é conturbada, porque suas veias estão muito frágeis e estouram com facilidade.

"Eu preciso internar para operar", desabafa Elza.

O casal conta que conseguiu marcar uma cirurgia para 14 de agosto. O procedimento aconteceria no Hospital Municipal de São Vicente. Dois dias antes, entretanto, chegou a informação de que não havia vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e o procedimento foi cancelado.

Elza desabafou sobre o sofrimento de viver com dores intensas e não ter o amparo médico necessário. "Não consigo dormir à noite, não tenho posição. Meu problema é a dor, que sinto muita", relata.

A doença

O médico oncologista André Perdicaris explicou ao g1 que o tumor teratoma, sob o ponto de vista histológico, é benigno, mas clinicamente é algo maligno, porque interfere nos órgãos internos da paciente.

"O tumor teratoma é desenvolvido a partir de células embriológicas. Portanto, cria tecidos que seriam utilizados na formação de um embrião. Por isso, é comum crescer cabelo, olhos e dentes nesse tipo de tumor", explica Perdicaris.

Hospital

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informou ao g1 que Elza teve a cirurgia cancelada porque o profissional que realizaria o procedimento precisou ser afastado por Covid-19. Na sequência, o médico entrou com pedido de licença paternidade.

A Sesau ainda pontuou que o procedimento se trata de uma cirurgia eletiva, portanto, não é um procedimento de emergência. Conforme informações da Diretoria de Atenção Especializada, a paciente é a primeira da fila do mutirão de cirurgias ginecológicas. Em breve, a pasta entrará em contato para comunicar a nova data do procedimento.

Fonte: Nicole Leslie, G1 Santos