Militar do GSI disse à PF que dar água a golpistas era técnica para gerenciar crise
Flagrado por câmeras de segurança distribuindo água e conversando com invasores do Palácio do Planalto, nos atos golpistas de 8 de janeiro, o major do Exército José Eduardo Natale Pereira alegou que estava empregando uma técnica de gerenciamento de crise. A justificativa foi apresentada em depoimento à Polícia Federal (PF), neste domingo. O militar atuava no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e havia sido nomeado em 2020, durante a gestão do ex-ministro general Augusto Heleno, um dos conselheiros mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As imagens que mostram as ações de Pereira foram liberadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira, quando o magistrado determinou a quebra de sigilo.
São mais de 500 horas de gravação. Entre 16h09 e 16h18, Pereira aparece cinco vezes em diferentes pontos no mezanino do Palácio do Planalto, sempre conversando com golpistas. Em um desses momentos, ele bebe água e segue um manifestante, que parece indicar a ele o caminho.
Pereira era subordinado do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no dia da invasão de golpistas. Conhecido com GDias, o militar pediu demissão na última quarta-feira após virem à tona imagens dele no Palácio do Planalto no dia do ataque golpista.
Em depoimento à PF, GDias negou omissão e argumentou que estava retirando extremistas de um setor do Palácio do Planalto, sem efetuar prisões, porque estava fazendo "gerenciamento de crise". E acrescentou que teria mandado prender Pereira se soubesse que ele ofereceu água aos extremistas.
"Que indagado a respeito de o major José Eduardo Natale de Paula Pereira haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores; que deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que, se tivesse presenciado, o teria prendido", disse GDias em depoimento.
Fonte: O Globo