Herói do tetra, Götze volta à seleção da Alemanha cinco anos após ter carreira interrompida
"Vou fazer de tudo para voltar a ser convocado." As palavras foram o desabafo de Mario Götze, em maio de 2018, ao descobrir que estava fora da lista da Alemanha para disputar a Copa do Mundo da Rússia. Era a primeira desde o ano em que se tornou herói do tetra alemão, e o meia buscava a própria reviravolta depois de ter a carreira momentaneamente interrompida por um problema de saúde.
Foram oito anos desde a última Copa disputada e cinco anos sem convocações. Mas Götze está de volta. O meia virou surpresa na chamada do técnico Hansi Flick e disputará a Copa do Mundo de 2022, no Catar.
— Faz algum tempo... cinco anos para ser exato. Estou muito feliz de ser parte da seleção da Alemanha para a Copa do Mundo e grato pela confiança de Hansi Flick e sua comissão técnica — disse nas redes sociais.
"Sinto que a convocação é uma recompensa pelo trabalho duro que tive, mas não seria possível sem minha esposa, minha família, meus ótimos companheiros de time e treinador. Obrigado pelo apoio!"
Do ápice às frustrações
Götze estava com 22 anos recém-completos quando balançou as redes diante da Argentina, no dia 13 de julho de 2014, para garantir a vitória e o título da Alemanha - na Copa do Mundo do Brasil. Ali, em uma noite de herói pela conquista do tetra, viveu o melhor momento de sua carreira, antes de uma recaída marcada por afastamentos e frustrações.
Depois da Copa do Mundo, o meia-atacante voltou ao Bayern de Pep Guardiola, mas não encaixou no sistema do treinador e terminou oscilando em espaço na equipe. O estranhamento se repetiu sob o comandante seguinte, com Carlo Ancelotti, até que Götze decidiu voltar ao seu clube de origem: o Borussia Dortmund.
Foi contratado em meio a críticas da torcida, depois de trocar o time pelo principal rival - Bayern. Queria "voltar a jogar o melhor futebol", mas a nova caminhada durou pouco. Foi diagnosticado com uma miopatia muscular, em fevereiro de 2017, e precisou interromper a carreira aos 25 anos de idade.
— Os remédios agora são parte da minha vida — disse o atleta, em agosto de 2017, em entrevista à revista Kicker, da Alemanha.
Götze passou a conviver com um distúrbio metabólico raro, em que há o enfraquecimento dos músculos e uma demora para recuperação depois de exercícios físicos de alta intensidade - como uma partida de futebol, por exemplo.
Foram cinco meses de paralisação da carreira, até que o meia voltou. Apareceu na convocação do então técnico Joachim Löw, em novembro de 2017, mas semanas depois rompeu parcialmente os ligamentos do tornozelo direito e virou desfalque até 2018. Ao longo do tempo, perdeu espaço no Borussia Dortmund e ao fim do contrato, em 2020, saiu para o PSV Eindhoven.
Foi na Holanda que o alemão começou a ressurgir. Fez 18 gols e 18 assistências em 77 jogos pela equipe, em duas temporadas, quando as atuações chamaram a atenção do Eintracht Frankfurt. Ali, o meia se transferiu de volta à Alemanha para tentar mostrar a recuperação das próprias forças longe das atenções do país.
Götze estava fora das convocações desde novembro de 2017. Conseguiu a vaga de volta, nesta semana, após dois gols e três assistências em 22 partidas disputadas pela nova equipe. No Catar, aos 30 anos de idade, o último herói alemão - agora diante de uma nova geração - abraça a chance de buscar consolidar a reviravolta da carreira.
Fonte: Globoesporte.com