Empresa ressarce idoso que recebeu nota de R$ 420 como pagamento de empréstimo e devolveu R$ 320 de troco

Empresa ressarce idoso que recebeu nota de R$ 420 como pagamento de empréstimo e devolveu R$ 320 de troco
Idoso, de 75 anos, recebeu a cédula e deu troco de R$ 320 — Foto: Polícia Militar

A empresa de vestuário que lançou uma nota de R$ 420 ressarciu o idoso, de 75 anos, vítima de um golpista em Unaí (MG). O criminoso utilizou a nota falsa e ainda recebeu R$ 320 de troco.

Um vídeo foi publicado nas redes sociais da empresa nesta segunda-feira (9). Os filhos da vítima registraram o momento da entrega.

“Só tenho a agradecer a meu Pai, que é Deus, por tudo. Só tenho a agradecer de coração, mas de coração mesmo, por tudo”, disse o senhor Gerson, vítima da ação do golpista.

No vídeo, um dos filhos ainda entregou um bolo de notas de R$ 420 e disse que era para ele “comprar uma fazenda”. Logo depois, o idoso voltou a agradecer.

“Meu dinheirinho voltou outra vez para minha carteira”, concluiu.
Nas redes sociais, a empresa disse que o kit enviado chegou ao idoso nesse domingo (8).

“Por ironia do destino, nossa caixa chegou em UNAÍ-MG no domingo e foi entregue pelos filhos ao Sr. Gerson como presente de dia dos pais. Essa história teve um final feliz e fica aqui o nosso sentimento de gratidão a todos os envolvidos nessa missão do bem”, comentou a empresa.

Entenda o caso

O idoso recebeu uma nota falsa de R$ 420 como pagamento de um empréstimo. Com a dívida era de R$ 100, ele ainda devolveu R$ 320 de troco.

Segundo a Polícia Militar, o responsável por repassar a falsa cédula — que tem desenhos de bicho-preguiça e folhas de maconha — foi preso após os policiais encontrarem maconha na casa onde ele morava.

“Esse autor [golpista] trabalhava em uma fazenda vizinha ao local onde a vítima mora. Ele pediu R$ 100 emprestado para o idoso e voltou para pagá-lo com a nota falsa. A vítima falou que nunca tinha visto a cédula, mas o autor afirmou que tinha sacado o falso dinheiro em um caixa eletrônico de um banco em Unaí. Ele se aproveitou da situação para ludibriar o idoso", explicou o tenente Henrique Hiroshi Asanome.

Após saberem do fato, os policiais foram até o local onde o homem que repassou a cédula falsa mora.

“O dono da casa onde ele morava temporariamente autorizou a nossa entrada e, já na varanda, nós vimos um vaso com um pé de maconha. Entramos e encontramos um embrulho grande contendo um tablete e duas porções da droga. Durante as buscas, ainda localizamos outra porção de maconha e R$ 56”.

Ainda de acordo com o tenente, o golpista afirmou que está em liberdade condicional e que tem passagens por roubo e receptação. Ele foi preso por tráfico de drogas. O G1 não conseguiu localizar a defesa.

Nota foi criada por empresa

A cédula usada para enganar a vítima foi lançada pela empresa, em julho de 2020, e era distribuída como brinde para clientes. Ela esclareceu que a ação começou após o Banco Central anunciar que colocaria a nota de R$ 200 em circulação.

Explicou ainda que a aparência da cédula está relacionada com a filosofia da marca, que luda pela descriminalização e acesso da maconha medicinal para quem precisa. A empresa destacou também que a nota está amparada no artigo 5º da Constituição Federal, que regulamenta a liberdade de expressão e artística.

"A nossa intenção, desde sempre, é fazer arte pra chocar e trazer reflexão, mas nunca pra lesar quem quer que seja", disse a empresa em uma rede social.
Investigação

Sobre a investigação do caso, a Polícia Civil informou que o golpista, de 24 anos, teve a prisão ratificada por tráfico de drogas, já que foram apreendidas porções e um pé de maconha na casa onde ele morava. Ele foi encaminhado ao sistema prisional e está à disposição da justiça.

"Quanto ao crime de moeda falsa, a PCMG esclarece que não há que se falar nesta tipificação, haja vista ser a cédula de 420 reais uma falsificação grosseira, o que configura, em tese, o crime de estelionato que segue sendo investigado. No entanto, não é possível adiantar novos detalhes sobre a investigação em andamento. Informa ainda que, tão logo o inquérito seja concluído, os esclarecimentos serão prestados à sociedade".

Fonte: Matheus Mesmer, G1 Grande Minas — Unaí