Em poucos dias, Telegram e Signal ganham milhões de novos usuários
“Já tivemos picos de downloads antes, mas agora é diferente”, afirmou Pavel Durov, presidente-executivo do Telegram, em uma mensagem no app na última terça-feira (12). Nos últimos dias, dezenas de milhões de pessoas no mundo todo baixaram o Telegram e o Signal, tornando-os os dois aplicativos mais populares do mundo.
Esse aumento na procura é resultado de uma “tempestade perfeita” que alimentou uma desconfiança em relação a algumas das grandes empresas de tecnologia e seus aplicativos. Redes sociais, como Facebook e Twitter, removeram milhares de contas de extrema direita após a invasão do Capitólio. Amazon, Apple e Google cortaram o suporte ao Parler. E mudanças na política de privacidade do WhatsApp afastaram alguns usuários.
Assim, alternativas mais focadas em privacidade ganharam espaço. O Signal permite mensagens sejam enviadas com “criptografia ponta a ponta”, e o único dado do usuário que guarda é o número do telefone. O Telegram oferece algumas opções de mensagens criptografadas, mas é muito popular por suas salas de bate-papo em grupo, onde as pessoas podem qualquer assunto.
O resultado foi uma migração em massa que, se durar, pode enfraquecer o poder do Facebook e de outras grandes empresas de tecnologia. Na terça-feira, o Telegram disse que ganhou mais de 25 milhões de usuários em três dias – 94% deles vieram da Ásia, Europa, América Latina, Oriente Médio e Norte da África. A plataforma agora soma mais de 500 milhões de contas.
O Signal adicionou cerca de 1,3 milhão de usuários só na segunda-feira (11), quando até então tinha uma média de 50 mil downloads por dia, de acordo com estimativas da Apptopia. A maior parte veio de fora dos Estados Unidos, com o app figurando como o mais baixado em 70 países na App Store e em 45 países na Google Play.
Os efeitos da onda
“O mundo inteiro agora parece entender que o Facebook não está construindo aplicativos para eles, o Facebook está construindo aplicativos para seus dados”, disse Moxie Marlinspike, fundador do Signal. “Foi necessário um pequeno catalisador para levar todos ao limite de fazer uma mudança”, completou.
O hype foi tanto que as ações da Signal Advance, uma pequena fabricante de dispositivos médicos, dispararam cerca de US$ 50 milhões para mais de US$ 3 bilhões. O problema é que a empresa não tem relação com o aplicativo de mensagens.
Eli Sapir, presidente-executivo da Apptopia, disse que, embora as preocupações das pessoas com a coleta de dados do Facebook sejam justas, o WhatsApp na verdade usa criptografia mais segura do que o Telegram. “É como parar de consumir algo rico em açúcar para usar xarope de milho”, disse ele, acrescentando que o Signal era o mais seguro dos três.
Carl Woog, porta-voz do WhatsApp, disse que os rumores sobre quais dados do app são compartilhados eram em grande parte infundados. “O que não está mudando é que as mensagens privadas para amigos e familiares, incluindo bate-papos em grupo, continuam protegidas por criptografia de ponta a ponta”, completou.
Fonte: New York Times