Durante investigação, prefeitura de cidade de SC identifica que profissional de saúde vacinou pai fora do grupo prioritário
Após um furto de 10 doses da vacina contra o coronavírus de um posto de saúde no Centro de Apiúna, no Vale do Itajaí, a prefeitura elaborou uma lista com o nome dos vacinados, servidores responsáveis pela imunização e identificou que uma técnica de enfermagem teria aplicado a vacina no próprio pai. No entanto, ele não fazia parte do grupo prioritário daquele momento.
Um processo administrativo foi instaurado pela prefeitura na segunda-feira (22) e a Polícia Civil investiga o caso. Os inquéritos policiais que apuram o furto das doses em 10 de março e a suspeita de "fura-fila" foram instaurados em procedimentos diferentes. A polícia apura se os casos podem ou não ter relação.
A servidora será ouvida por uma comissão nesta quinta-feira (25), que decidirá sobre o afastamento dela, segundo o prefeito de Apiúna, Marcelo Doutel da Silva (PL).
"Determinei que fosse colocado no Portal da Transparência o nome, idade e vacinador de todas as pessoas que foram imunizadas no município. Neste momento, identificamos que uma servidora pública vacinou um familiar, porém ele não era da faixa etária que preconizava o Ministério da Saúde", detalhou o prefeito.
A vacinação ocorreu no dia 6 de março. Nesta data, o grupo prioritário era o de idosos acima dos 85 anos. O pai da servidora, no entanto, tem 72 anos.
"Nós sabemos que quando sobra uma vacina, tem que ser seguida uma sequência na vacinação. E ela não obedeceu essa sequência. Então, vamos ver através da sindicância se ela infringiu a lei ou não", disse o prefeito.
Segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), a orientação em caso de sobre de doses é ampliar a imunização para outros grupos de forma escalonada. No caso de Apiúna, os próximos imunizados seriam idosos de 84, 83 e 82 anos.
De acordo com o administrador municipal, a comissão que ouvirá o depoimento da servidora será composta por uma advogada, uma servidora da educação e servidor da saúde.
Investigação sobre sumiço da vacina
O delegado que investiga o caso e também o sumiço das doses na cidade, Ronnie Esteves, informou que a servidora já foi ouvida.
Segundo o delegado, ela dever prestar depoimento novamente, mas Esteves não informou detalhes sobre o procedimento. Em caso de identificação de descumprimento dos protocolos de vacinação, a prefeitura tem até 60 dias para definir a penalidade para a infração da servidora.
Ainda conforme Esteves, seis pessoas já foram ouvidas no caso do sumiço das doses, mas ainda não foi possível identificar a autoria do furto.
Segundo ele, outros funcionários seguem sendo ouvidos. Além disso, há a analise de imagens de circuito interno da unidade de saúde.
Lista de vacinados
Foi durante a elaboração de lista pública de vacinados que a situação foi flagrada pela administração municipal. O prefeito informou que a relação ainda não está publicada no site do município, mas isso deve ser feito em breve.
"Nosso controle interno averiguou a legalidade de poder estar expondo os vacinados. Nosso assessor está vendo junto com o Ministério Público a melhor forma de isso ser divulgado", concluiu o prefeito.
Uma iniciativa similar foi implantada, desde o começo da vacinação, em Blumenau, no Vale do Itajaí. Na lista divulgada pelo órgão municipal, constam a data do registro, da aplicação, unidade de atendimento, profissional que realizou a imunização além do nome do vacinado, idade, grupo prioritário e o lote da vacina.
Reforço na fiscalização
Desde o dia 10 março, quando as dez doses da vacinada da CoronaVac desapareceram da geladeira de uma unidade de saúde do município, a prefeitura informou que reforçou a fiscalização de todo o processo de imunização.
"Colocamos uma câmera na sala de vacinação e uma na geladeira. Nós contratamos um vigilante que realiza rondas integrais no local. Além da aquisição de 30 novas câmeras espalhadas no centro da cidade", diz o prefeito de Apiúna.
Segundo ele, em caso de identificação de participação de um servidor público no possível furto das doses, o mesmo será exonerado através da uma sindicância interna.
Fonte: Carolina Fernandes e Catarina Duarte, G1 SC e NSC