Dermatologista faz alerta sobre skincare com sangue feito por Anitta
Nesta terça-feira (6), Anitta, de 30 anos, compartilhou com seus seguidores sua rotina de skincare com um creme manipulado especialmente para ela e que contém seu sangue na composição. Em seu perfil secundário para fãs brasileiros, o Insta Pessoal da Aninha em Português, a cantora explicou que o produto foi prescrito por uma médica americana.
"Foi a moça de Miami [EUA] que fez o creme pra mim. Eu tirei sangue, depois passaram na máquina para tirar o plasma e fizeram o creme pra mim. Esse creminho fica lá na geladeira, porque fora ele estraga", disse Anitta.
Nesta quarta-feira (7), Quem conversou com o dermatologista Igor Manhães, da clínica Les Peaux, a fim de entender o tratamento com creme facial feito com o plasma sanguíneo. No Brasil, a utilização de sangue — também chamada de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) — é proibida entre os médicos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
"A infusão de plasma rico em plaquetas consiste em um procedimento médico. Ou seja, depende de processo de regulamentação dos órgãos reguladores de cada país: FDA ou Anvisa. Apesar de aqui no Brasil termos aprovação de uma gama maior de procedimentos que nos Estados Unidos, o PRP já foi aprovado lá e não aqui. Isso se dá por processo burocrático que, às vezes, é influenciado pela indústria farmacêutica. Lembrando que aqui falamos do procedimento médico de prática injetável, diferente da aplicação tópica do plasma", explica.
Além de causar certo "estranhamento", ao usar plasma do próprio sangue em um produto de skincare, há malefícios à saúde ao aplicar um creme no rosto com esse "ingrediente". "Nosso sangue é composto por plasma e hemácias. No plasma, temos diversos tipos de proteínas, dentre essas algumas são chamadas de fatores de crescimento. A fisiologia do processo se dá no momento em que ofertamos uma maior quantidade concentrada desses fatores e melhoramos o ambiente molecular das células ao redor", esclarece.
"Assim, promovemos a ideia de rejuvenescimento da pele e recrutamento de folículos pilosos quando tratamos alopecia. Como o procedimento é autólogo, ou seja, o que se aplica é do próprio paciente, ele não tem por que apresentar malefícios. No máximo, a apresentação tópica pode não apresentar resultado nenhum, já que não existem estudos conclusivos nesse sentido", acrescenta.
O médico revela de que forma é possível utilizar o próprio sangue em um produto de skincare. "Isso ainda não é muito difundido, porque ainda não foi muito estudado. A absorção desses fatores de crescimento pela pele é controversa. Mas na inclusão desses produtos no skincare, a pessoa deve ter uma formulação individualizada e o produto -- seja sérum, creme ou outro -- deve ser formulado com seu próprio plasma e outros ativos", diz.
Questionado sobre qual a recomendação para as pessoas que ficaram curiosas com a técnica, o médico faz um alerta: "Recomendo que aguardem os estudos que comprovem a eficácia do uso tópico do PRP como já existe para o injetável, já que sempre se tratará de um procedimento de formulação de alto custo pela exclusividade e complexo processamento", aconselha.
Fonte: Quem News/Globo.com