Denúncia expõe falta de médicos no Hospital Regional de Lagarto

Denúncia expõe falta de médicos no Hospital Regional de Lagarto
SES/SE

Uma denúncia do Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (Cremese) expõe um problema da unidade: a falta de médicos. O quadro está tão deficitário, segundo o Conselho, que recentemente um paciente submetido a procedimento cirúrgico recebeu a anestesia aplicada por médicos por meio de videoconferência. 

De acordo com o relato da entidade, não havia profissional anestesiologista no Hospital, e então os médicos do centro cirúrgico realizaram a aplicação da anestesia sendo orientados por um especialista via vídeochamada. 

Ainda conforme o Cremese, a “desconformidade na escala médica é um problema antigo do Regional de Lagarto, identificada no ano de 2017, quando o Conselho interditou eticamente o Hospital devido a falta de profissionais”. A unidade voltou a funcionar em 2018 após um mandado de segurança para desinterdição, mesmo com a persistência do problema.

Após fiscalizações e notificações encaminhadas à administração do Hospital e ao Ministério Público Estadual (MPE), o Conselho aponta que a falta de médico na escala continua. 
 
Segundo o presidente do Conselho, Jilvan Pinto Monteiro, a situação-limite do Hospital Regional de Lagarto requer uma nova interdição, mas que não será deflagrada devido ao cenário de pandemia em que vive o país.. 

“Essa situação é extremamente grave e põe em risco a saúde das pessoas e dos médicos. O ideal seria uma interdição por conta da falta de condição de atendimento. Mas, por causa da pandemia e da gravidade da situação, nós estudaremos o mais breve possível qual a ação cabível no âmbito judicial para que o Conselho possa agir no sentido de tentar ajudar a resolver esse problema grave”, disse o presidente. 

Posicionamento do Hospital 

Diante da denúncia do Cremese, o Hospital Regional de Lagarto emitiu uma nota na qual relata que o paciente que recebeu anestesia por médicos sendo orientados por meio de videoconferência estava em estado grave e precisou de uma intervenção médica de urgência. 

Segundo a Comunicação do Hospital, na falta do anestesiologista, o paciente chegou a ser encaminhado para o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), no entanto, ao apresentar instabilidade hemodinâmica dentro da ambulância, precisou retornar ao hospital. 

A nota do Hospital informa ainda que foi solicitado transferência do paciente para o Hospital de Itabaiana, no entanto, durante mais um quadro de instabilidade, não foi possível transportar o paciente para o município vizinho. 

“Como medida para salvar a vida do paciente, os plantonistas da clínica médica assumiram a função de anestesiar o paciente para que os cirurgiões pudessem realizar o procedimento cirúrgico para controle do sangramento. Pela impossibilidade de postergar a abordagem cirúrgica, devido à gravidade do quadro de saúde, o chefe do serviço de anestesia auxiliou remotamente os médicos no manejo intraoperatório do paciente, que resistiu ao procedimento cirúrgico e encontra-se em recuperação na unidade de terapia intensiva no hospital de Lagarto”, afirma a Comunicação do Hospital. 

Sobre as notificações do Cremese à unidade e ao MPE, o Hospital informa que as providências internas foram tomadas, pela administração local e pela Ebserh Sede, com um novo redimensionamento de pessoal, que mostrou a necessidade do aumento do quantitativo de profissionais. 

 “O mesmo foi encaminhado à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), ligada ao Ministério da Economia, para que pudesse autorizar as vagas pleiteadas e assim a realização da convocação dos aprovados em concurso público. Ao mesmo tempo, foi comunicado aos órgãos competentes, como SES, Secretaria Municipal de Saúde de Lagarto e Ministério Público Federal para conhecimento da iniciativa”, diz o Hospital. 

Ainda conforme a unidade hospitalar, durante a pandemia foram contratados 250 profissionais temporários para enfrentamento à covid-19. “Associado a isso, foram abertos 30 leitos de terapia intensiva, 30 leitos de enfermaria e três leitos de observação/estabilização. 
 
"A unidade também atuou de forma efetiva para colaborar com a Saúde do Estado de Sergipe, atendendo mais de 4800 pacientes e internando e cuidando de mais de 1900 usuários acometidos pela infecção”, acrescenta. 

O Hospital reforça que há disponibilidade de 12 vagas para clínica médica, cinco para anestesiologista e cerca de mais 20 vagas para demais especialidades médicas. “Tem ocorrido convocações sucessivas do edital nacional do concurso público vigente, porém com baixa adesão, por se tratar de candidatos residentes em outros estados ou regiões, já que o concurso é nacional, o que tem dificultado o preenchimento dessas vagas. Lembrando que contamos atualmente com 11 anestesiologistas no quadro de médicos do hospital”, afirma a Comunicação do Hospital. 

Fonte: F5News