Contrários à retomada das aulas, professores ameaçam entrar em greve
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese) solicitou ao Governo do Estado o adiamento do retorno das aulas presenciais da rede pública. A retomada está marcada para a próxima terça-feira, 17. A categoria entende que existem muitos problemas estruturais e sanitários que precisam ser sanados para garantir a segurança dos alunos e profissionais. Uma greve pode ser decretada na próxima segunda-feira, 16, pelos professores da rede pública.
No ofício enviado ao Governo pelo Sintese, o sindicato aponta a falta de obras estruturais para adequar os prédios escolares às medidas sanitárias editadas pelo próprio Governo de Sergipe, déficit de servidores administrativos para executar os protocolos sanitários e falta de testagem dos trabalhadores e alunos.
“São mais de 18 mil alunos que se enquadram nessa primeira fase de retorno, sem contar com os professores e funcionários. O Governo diz que vai iniciar os testes no dia 17, ou seja, iniciar as aulas sem saber quem é portador do vírus. Não adianta apenas distribuir kits com máscaras e álcool em gel. Existem várias questões sanitárias que precisam ser garantidas”, afirma professora Ivonete Cruz, presidente do Sintese.
Assembleia
Os professores da rede estadual de ensino participarão de uma assembleia marcada para a próxima segunda-feira, 16, às 9h, para deliberar sobre a retomada das aulas. A assembleia tem indicativo de greve.
“Nós entendemos que pelos problemas estruturais, pedagógicos e sanitários existentes nas escolas da rede pública de ensino, não há possibilidade de retorno das aulas esse ano. Faremos uma assembleia pela defesa da vida e pelo não retorno presencial das aulas, e temos o indicativo de greve caso seja mantida a retomada das aulas no dia 17”, enfatiza professora Ivonete.
Governo
O Governo de Sergipe informa que a decisão de retomada das aulas dos 3º anos do ensino médio e pré-universitário foi autorizada pelo Comitê Técnico Científico integrado inclusive por participantes do Sintese. “As aulas na rede pública de ensino começam a voltar a partir dia 17, tendo em vista que as escolas serão entregues ao TRE para realização das eleições que acontece domingo. Uma nova decisão sobre mudança de data ou qualquer outro tema só pode acontecer dentro do próprio Comitê Científico”, explica Givaldo Ricardo, Superintendente de Comunicação do Governo.
A partir a semana que vem, com a retomada das aulas , segundo Givaldo, haverá um cronograma de testagem por amostragem dos alunos, professores e funcionários. A testagem é voluntária e será realizada por equipes da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Givaldo explicou ainda que foi publicado um protocolo sanitário que deve ser seguido por todas as escolas. Cada unidade de ensino deve criar um comitê misto com representantes de pais, alunos, professores e funcionários que irão verificar se as escolas atendem ao protocolo anteriormente definidos.
“Os protocolos serão verificados pela Vigilância Sanitária naquelas escolas que por algum motivo venham apresentar algum problema e não tenham condições de voltar às aulas. Isso será feito com muito cuidado e critério para que os órgãos de saúde digam quais as escolas estão aptas a retornar”, enfatiza.
O representante do Governo lembrou ainda que o retorno das aulas é facultativo para os alunos do 3º ano do ensino médio e pré-universitário, e que o objetivo do Estado é possibilitar que os estudantes se preparem para o Enem e possam concorrer em condições de igualdade com os alunos da rede privada.
Professores e funcionários acima de 60 anos de idade ou que se enquadrem no grupo de risco não voltarão às atividades presenciais a partir da próximo dia 17.
Entenda
No dia 15 de outubro, o Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais (CTCAE) decidiu pelo retorno das aulas presenciais de instituições de ensino. As instituições privadas retomaram as aulas no dia 3 e a rede pública a partir do dia 17 de novembro.
Foram liberadas apenas as aulas presenciais das turmas das terceiras séries do Ensino Médio Regular; concluintes da Educação Profissional Tecnológica (EPT), integrada ao Ensino Médio; Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Médio; cursos livres de pré-vestibulares; aulas e atividades práticas de cursos do ensino superior e aulas e atividades práticas de cursos de EPT.
Fonte: Karla Pinheiro/Infonet