Clipe de Anitta terá Cardi B, Drags baianas e primeira vereadora trans do Brasil em desfile

Clipe de Anitta terá Cardi B, Drags baianas e primeira vereadora trans do Brasil em desfile
Anitta e a amiga Léo Kret em Salvador: clipe

Dizem por aí que baiano não nasce, estreia. Com a dançarina, cantora e primeira vereadora trans do Brasil, Léo Kret, vai haver uma reestreia. Ela está no clipe de “Me Gusta”, da amiga Anitta, e com a entrada de Cardi B no feat, ela aparecerá para os gringos. “Meu telefone não parou desde que isso foi anunciado. Todo mundo brincando que serei agora internacional. Eu acho um babado. Mas minha ficha não caiu”, confessa ela, que não vê a hora de conferir o resultado na sexta-feira, dia 18, data de lançamento do clipe.

Léo adianta um pouco do que será visto na superprodução, que tem, além da diva norte-americana (agora solteira), o rapper Mike Towers. “Será um grande desfile de moda fora dos padrões. Anitta queria mulheres trans, gordas, negras para falar de representatividade, fugir dos padrões que costumamos ver numa passarela, por exemplo”, conta a artista, que também teve a companhia de drag queens baianas em cena.

Por pouco, Léo não fica de fora. Anitta a chamou para gravar horas antes. “Fui dar minha corridinha matinal, às 7h, e quando volto tinha mensagem dela me convocando e mandando só levar um sapato”, recorda. O clipe foi feito em fevereiro, mas por conta da pandemia teve a data de lançamento transferida. O que acabou favorecendo a agenda de Cardi B.

Acostumada a figurinos de palco — leia-se roupas curtas com o corpão à mostra —, Léo ficou surpresa ao encontrar peças muito sofisticadas no set. “Tinha vestido de tudo que era tipo. Coisas muito chiques. Anitta disse que eu poderia escolher, então optei por um longo verde brilhoso, bem chamativo, com fenda. Ela me pediu para prender o cabelo e fazer uma maquiagem clássica porque queria mostrar o glamour de um desfile”, adianta.

Primeira vereadora trans do Brasil

O local escolhido para o clipe, o Pelourinho, é íntimo para Léo Kret, que cresceu subindo e descendo o ponto turístico mais famoso de Salvador. Muitas vezes, na correria, para fugir. Como transexual, negra e periférica, não foram poucos os preconceitos que enfrentou. “Perdi as contas de quantas vezes apanhei fisicamente e psicologicamente para exercer meu direito de existir e resistir. E continuo nessa luta”, reflete ela, que foi a primeira vereadora trans do Brasil, eleita com quase 13 mil votos em 2008: “Sempre fiz política, no dia a dia, nas campanhas, nos meus projetos sociais. Mas precisei entrar nela para conseguir abrir portas para outras pessoas trans que desejam mudança”.

Léo diz que pretende se candidatar novamente um dia. Aproveitar a experiência para alçar voos maiores, quem sabe além da Bahia. No momento, ela comemora ter passado este ano no vestibular de uma universidade pública para cursar Direito. Pouco tempo depois de ter concluído o ensino médio. “Estava com Anitta, na casa que ela alugou aqui para o carnaval, quando recebi a notícia que tinha passado. Comecei a gritar de tanta felicidade. Não tive a oportunidade de estudar quando era mais nova e isso é mais um exemplo para outras trans e travestis como eu: foco no que quer, força e fé. Podemos ser quem queremos ser. Eu não desisto”, ensina ela, aos 35 anos.

Fonte: Extra/Globo.com