Brasileiro abrigado em bunker grava vídeo com apelo a governo para deixar Ucrânia: A gente não sabe até quando vai ter água e comida

Brasileiro abrigado em bunker grava vídeo com apelo a governo para deixar Ucrânia: A gente não sabe até quando vai ter água e comida
Bunker em hotel em Kiev, na Ucrânia, onde brasileiros estão — Foto: Luciano Rosas/ Arquivo Pessoal

O brasileiro Luciano Rosa conta que está há pelo menos duas horas fechado em um bunker em hotel em Kiev após um alerta de bombardeio nesta quinta-feira (24). A sirene disparou por volta das 16h, horário local, na capital ucraniana. Ele, que é fisioterapeuta e está no país a trabalho como parte da equipe do time Shakhtar Donetsk, gravou uma mensagem pedindo ajuda ao governo brasileiro.

“A gente pede ajuda ao governo brasileiro para a retirada dos brasileiros. A todo momento tem sirene de ataque aéreo, não sabemos até que horas vai ter água comida e aquecimento, fazemos esse apelo para que as autoridades tenham uma estratégia para retirada dos brasileiros, a situação está muito crítica”, disse em vídeo enviado ao g1.

Luciano está no bunker de um hotel onde é feita a concentração do Shakhtar. Ele, jogadores, familiares e toda a equipe técnica estão no local desde a madrugada, quando começaram os ataques.

O brasileiro conta que recebeu uma ligação sendo alertado de que a Rússia começaria um bombardeio e pedindo que deixasse sua casa, onde mora com o filho.

“Eu fui avisado de que começariam a nos bombardear e que era para irmos ao hotel, que fica no centro. Minutos depois da ligação, comecei a ouvir as explosões. Saímos em desespero e estamos apavorados com a situação”, conta.

Eles estão no bunker no subsolo depois de uma sirene que alertou para um bombardeio. A sala, com baixa iluminação, é de carpete. Há também cadeiras, onde as pessoas tentam se acomodar. Ele conta que há risco de falta de energia, o que pode comprometer o aquecimento no local e o acesso à internet.

“Não sabemos quando ou se vamos poder sair daqui. A orientação é que aqui é mais seguro, mas não sabemos o que está acontecendo lá fora”, relata.

Luciano está no país desde setembro de 2021, quando deixou o Corinthians, contratado para atuar na recuperação de jogadores do Shakhtar Donetsk. Ele foi para a Ucrânia com o filho, que atua na seleção de base do time.

“Enquanto vínhamos para cá, a situação era de pavor. As filas enormes nos postos, muitos já sem combustível. As vias de saída da cidade completamente interditadas. Eu nunca vivi nada parecido, estamos apavorados e pedimos ajuda urgente do governo brasileiro”, comentou.

Luciano estava com passagem marcada para deixar a Ucrânia nesta quinta-feira, mas com os bombardeios, o espaço aéreo foi fechado e os vôos cancelados. Ele é de São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde mora com a esposa e a filha.

Jogadores isolados

O fisioterapeuta está em um vídeo compartilhado nas redes sociais em que jogadores, equipe técnica e familiares aparecem pedindo ajuda do governo brasileiro para serem retirados da Ucrânia. Na imagem aparecem jogadores dos times Shakhtar Donetsk e Dínamo Kiev . Eles também estão no bunker onde o fisioterapeuta está.

Ataque militar

Na madrugada desta quinta-feira (24), dias após uma série de ameaças e de ter reconhecido a independência de duas províncias separatistas do leste ucraniano, Vladimir Putin invadiu a Ucrânia. Cidades como Kiev e Kharkiv, as duas maiores do país, foram atacadas com mísseis e bombas. Tropas russas também desembarcaram em Odessa, que fica às margens do Mar Negro, e cruzaram a fronteira até Kharkiv.

A Rússia destruiu mais de 70 alvos militares na Ucrânia. Entre esses, estão 11 campos de pouso, três pontos de comando e uma base naval. As informações são do general Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa, em Moscou. Ele disse que os russos derrubaram um helicóptero e quatro drones.

Fonte: Poliana Casemiro, G1 Vale do Paraíba e Região