Abel explica Palmeiras sem zagueiros e diz que Paulistão está "tirando energia de todos"

Abel explica Palmeiras sem zagueiros e diz que Paulistão está
Abel Ferreira durante o jogo contra a Inter de Limeira — Foto: Cesar Greco\Palmeiras

O Palmeiras perdeu por 1 a 0 para a Inter de Limeira, nesta quinta-feira, no Allianz Parque, pelo Paulistão. O técnico Abel Ferreira mandou a campo uma equipe sem nenhum zagueiro de ofício.

O volante Danilo Barbosa e os laterais Mayke e Viña formaram o trio defensivo do Verdão na partida. Após o jogo, o treinador explicou o motivo da escolha.

– Temos Kuscevic lesionado, o Alan Empereur lesionado. Hoje lesionou-se o Wesley, temos o Veron, lesionado, o Lucas Lima, lesionado. Foi por isso. O Luan, Gómez e Renan jogaram 90 minutos há dois dias. Os que entraram estavam com minutos contados, não poderiam jogar mais do que 20, 25 minutos. O risco de lesão aumentava – explicou.

– Foi por esta razão que só jogou o Danilo e fez o favor, que é um jogador versátil e jogou muito bem naquela posição. Não tínhamos outros defesas. O Henri não estava na sua melhor forma contra o Guarani e Mirassol. São situações a se ver com as consequências dos jogadores que estão na base, tem de jogar e errar. Nos últimos jogos cometemos erros individuais que custaram pontos – disse.

Abel também falou sobre a opção do Palmeiras de usar garotos ou o time reserva na maioria dos jogos do Paulistão. E o treinador admitiu pela primeira vez que a competição foi vista pelo clube apenas como uma chance de dar oportunidades aos mais jovens.

– Quando acabou a época, tivemos uma conversa muito séria sobre este campeonato. E só hoje estou a admitir pela primeira vez que é uma competição única e exclusivamente para dar oportunidade aos mais novos. Mas estamos todos representando o Palmeiras. Newton e Papagaio vão ser cobrados como Rony e Luiz Adriano. Queríamos ganhar o jogo, não conseguimos. Estamos pagando uma fatura cara nesta competição pelo desgaste de energia que está a tirar de todos nós – declarou.

Com a derrota, o Palmeiras ficou longe da classificação para as quartas de final do Paulistão. O time está seis pontos atrás do Novorizontino, segundo colocado do grupo, com três jogos por fazer.

Confira outras respostas de Abel Ferreira na coletiva:

Qualidade da Inter de Limeira

– Quando falam que o Brasil não tem treinadores de qualidade, estão dormindo. Este é, do Mirassol, também. São jovens, com ideias. Parabéns, eles vieram a jogar. Eles querem jogar pelo contrato, mas há uma ideia de jogo e uma identidade. Parabéns a eles que aproveitaram nosso erro na parte defensiva e nas chances que tivemos. A primeira grande chance foi nossa, mas o futebol é eficácia e no fim nosso adversário fez um gol que caiu de um erro nosso e não conseguimos fazer nenhum gol.

Versatilidade de Danilo Barbosa

– Eu conheço bem o Danilo, mas foi uma solução que o clube me colocou. Foi escolhido por nós. Eu gosto que os jogadores falem em campo, é ali que eles precisam falar. Nas oportunidades que tem, quando são sérios, competitivos. Ele tem isso de muitos anos, não brinca no futebol. Pode nos ajudar em várias posições. Custa-me colocá-lo de central em um jogo que poderia colocá-lo como 8, mas infelizmente as circunstâncias o obrigam e tivemos de jogar sem zagueiros de origem, mas com um desempenho e empenho extraordinário.

Fase ruim de Esteves

– Eu acho que a direção e o treinador foram claros quando acabou a época. E para agravar, o que falamos sobre a competição, todo o desgaste que tivemos ao longo do ano, a parada do campeonato nos trouxe este campeonato congestionado. Ele vai continuar a ter oportunidade, porque não temos mais jogadores, vai continuar a jogar. Ele nunca jogou tanto, como o Henri, como o Bicalho, como o Fabinho, o Garcia. O Giovani tem aproveitado muito bem, um jogador que tem me dado bons sinais e que alguns dos mais experientes estão ficando para trás. Ele está aproveitando, é canhoto, desequilibrador. Tem ganho pontos, a competição tem sido muito para isso. Mas mesmo na segunda parte, trocando, tive de esperar o tempo, sob pena de perder mais jogadores por lesão.

– Como disse, por incrível que pareça, preparamos os jogos por minutos. Dividimos o grupo em G1, G2 G3. Quem jogar no próximo jogo seguramente não vai estar preparado para a Libertadores. Mas vejo como uma oportunidade de virar um melhor treinador para gerir recursos. Só é uma pena que a cada jogo temos menos jogadores. Quem fez dois jogos seguidos se machucou, o Kuscevic, o Alan teve problemas. O objetivo era ganhar o jogo, não há outra maneira. Quando analisamos os gols que sofremos, no Guarani, Mirassol e esse, são gols que têm a ver com as dores do crescimento.

Situação no Paulistão

– Quer que joguem o sub-15, sub-16, sub-17, é o Palmeiras que está jogando. O torcedor quer ganhar. Todos temos de fazer um esforço dentro do clube para reunir todas as condições para que o Palmeiras ganhe. Jogando sub-17, ou Felipe Melo e Weverton, querem que o Palmeiras ganhe. Por isso não gosto de perder nem para as minhas filhas, e exijo que todos nós façamos tudo para que o Palmeiras tenha todas as condições para entrar para ganhar em todos os jogos. Era nossa intenção. Ninguém quer saber quem joga, a cobrança é a mesma. Temos de pensar nisso como clube, jogue quem jogar, estamos representando o Palmeiras.

Time para o fim de semana

– Não vão jogar contra o Santo André (os titulares), andamos aqui a não ser verdadeiros com nossos fãs desde o início, tentamos, não jogamos sempre com a máxima força. Estamos dizendo que vamos tentar lutar pelo Paulista, mas com o sub-20, como foi com o Mirassol. O problema não é essa. São as lesões de jogadores importantes, não só quando entram no G1, mas quando ficam no banco e reforçam na Libertadores. É uma competição que está tirando energia de todos, e temos de falar as verdades para os sócios e adeptos, que deveriam ter ouvido isto há mais tempo.

Lições do Paulistão

– Revelar um jogador como o Giovani. Para quem não sabe, temos um plantel com 13 jogadores da formação. Ano passado, no meio do jogo da Copa, contra o Grêmio, fomos enfrentar o Corinthians e falei do risco de apostar sempre nos jovens. É preciso ter calma, paciência para deixá-los errar. Minha dúvida é se temos paciência ou se os nossos torcedores têm paciência para ver um erro do Esteves e continuar a acreditar nele, como foi do Henri e continuar a acreditar nele. Temos de perceber todos os riscos que estamos a correr.

Fonte: Globoesporte.com