Samu no RS: exonerada médica que colocou garrafa sobre teclado para fingir trabalho
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A médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que colocou uma garrafa de água sobre o teclado do computador para fingir que estava trabalhando foi exonerada do cargo. A decisão foi publicada na 3ª edição do Diário Oficial do Estado (DOE) de quarta-feira (30) .
A tática para burlar o controle do ponto foi revelada em reportagem da RBS TV pelo então coordenador médico da central de regulação do Samu, Jimmy Herrera. De acordo com ele, com a prática o computador não desligava e nada era registrado no sistema.
"Ela deixou uma garrafa em cima do teclado justamente para que ficasse emitindo um número ou uma letra dentro da tela, para que o sistema não caísse, como se alguém estivesse usando o sistema", contou Herrera.
Conforme ele, a tela dos computadores usados pelos médicos na central do Samu é desconectada do sistema após 10 minutos de inatividade. Assim, médicos que se ausentam por muito tempo precisam dar explicações.
Jimmy Herrera foi destituído do cargo de coordenador médico na quinta-feira (31). No dia anterior, Eduardo Elsade foi afastado da função de diretor do Departamento de Regulação Estadual na Secretaria Estadual da Saúde.
Gabinete do vice-governador foi alertado
Na quarta-feira (30), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) fez o primeiro pronunciamento sobre as denúncias de fraude no Samu. Segundo Leite, o autor das denúncias, o enfermeiro Cleiton Félix "optou por primeiro apresentar os fatos à imprensa", sem noticiar o caso ao governo. O então servidor, no entanto, afirma que o gabinete do vice-governador, Gabriel Souza (MDB), foi alertado em abril sobre o descumprimento de escala dos médicos do Samu.
"Através de um amigo, eu consegui uma marcação com o gabinete do vice-governador Gabriel. E nesse dia fui recebido por servidores, por um assessor e, por duas horas, eu relatei tudo o que tava acontecendo lá dentro", afirma Cleiton.
A assessoria do gabinete do vice-governador confirma que recebeu o então servidor do Samu. Ele teria sido orientado a formalizar denúncia, fato que não teria ocorrido. Segundo a pasta, "eventuais denúncias devem ser encaminhadas pelos canais oficiais para que o estado tenha conhecimento e possa apurar".
Sindicância e sistemas de câmeras
Na segunda-feira (28), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou a abertura de sindicância, auditoria e implantação de novos mecanismos de controle na central de regulação, como câmeras.
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, gravou um pedido de desculpas e prometeu providências. A sindicância aberta pela pasta para apurar o caso tem prazo de 30 dias para ser concluída. Um sistema de câmeras e catracas para controlar entradas e saídas no local também deve ser instalado.
Fonte: Giovani Grizotti, RBS TV