Roberto Carlos realizou o último desejo do filho Dudu Braga, que pediu para ser enterrado com camisa do Corinthians
Roberto Carlos está "literalmente arrasado e destruído", conta o assessor de imprensa do cantor ao GLOBO. Amigos e familiares que o acompanharam no velório e no enterro de seu filho Dudu Braga se comoveram com a longa crise de choro do Rei durante a cerimônia.
— Quem estava no velório viu como ele está destruído. Chorou muito, muito mesmo. Foi doloroso vê-lo desse jeito — conta um amigo do artista.
Como o próprio cantor costuma afirmar em entrevistas (veja abaixo), Dudu Braga era seu maior ídolo. Numa das últimas conversas entre os dois, já no hospital — onde Dudu tratava um câncer irreversível no peritônio, membrana que envolve a parede abdominal —, o filho afirmou ao pai que, se algo ruim acontecesse, ele "gostaria de ir embora com uma camisa do Corinthians, uma roupa confortável e tênis". E assim foi feito.
— Tudo o que filho pedia, o pai atendia dentro do possível. E até o último minuto, isso aconteceu — revela o assessor de Roberto.
Volta ao Rio
No fim da tarde desta sexta-feira (10/9), Roberto Carlos deixa São Paulo para voltar ao Rio de Janeiro, onde permanecerá em quarentena rígida em seu apartamento na Urca, na Zona Sul da cidade. No mesmo edifício, mora uma das irmãs do cantor, Norma Moreira Braga, de 86 anos, companhia frequente para o Rei, além da equipe de seguranças e assistentes.
— Já é um hábito antigo de Roberto não circular, e por conta da pandemia ele fica ainda mais quietinho dentro de casa — diz o assessor, acrescentando que o cantor não quis visitar a casa do filho, em São Paulo, após o velório. — Roberto está vivendo o luto dele, então nesse momento ele fala muito pouco. Só depois dará sinal de como deve reagir a isso tudo: se irá seguir num ritmo mais devagar, ou se vai mergulhar de cabeça no trabalho.
Filho era melhor amigo
Presença frequente nos shows do pai, Dudu Braga, batizado de Roberto Carlos Braga Segundo (o que rendeu os apelidos de Dudu e Segundinho), é fruto do primeiro casamento do Rei, com Cleonice Rossi. Ele lutava contra um câncer irreversível no peritônio desde setembro de 2020. Em 2019, Dudu já havia passado por dois tratamentos contra câncer de pâncreas.
— Dudu ja se tratava contra o câncer desde o último ano, mas ele vinha tendo resultados positivos. Então (a notícia da morte) foi algo que pegou de surpresa a família. Roberto está muito abalado — conta o assessor. — Roberto e Dudu se falavam sempre, sempre. Diariamente, mais de uma vez por dia, os dois conversavam por telefone. Eram muito próximos mesmo. Dudu acompanhava o pai em tudo. Ele era aquele filho que estava sempre ao lado do pai.
Dudu Braga estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O radialista de 52 anos deixa a mulher Valeska, com quem era casado há 17 anos e tinha Laura, de 5 anos. Ele também é pai de Giovanna, de 22 anos, e Gianpietro, de 17 anos, filhos de uma relação anterior do produtor.
'RC na Veia'
Deficiente visual, Dudu nasceu com glaucoma — doença que causa cegueira irreversível — e passou por sete cirurgias ainda na infância. Ele também assinava colunas em revistas musicais, tocava bateria e tinha uma banda chamada "RC na Veia", em homenagem ao pai cantor e compositor.
Formado em Publicidade, Dudu também era produtor musical, radialista e jornalista. Por mais de dez anos, apresentou o programa "As canções que você fez para mim", com canções de seu pai, sucesso de audiência nas rádios Nativa e Jangadeiro FM. Na televisão, fez participação na novela "América", da Rede Globo, e apresentou os programas "Ressoar" — na Rede Record —, "Vida em movimento" — na TV Cultura —, e "Sentidos" — na TV Gazeta e Net Cidade. Em 2002, ganhou o Grammy como produtor musical.
Dudu também se dedicou às ações sociais. Além de ter sido um dos fundadores da ONG "Meninos do Morumbi", era colaborador nas fundações "Laramara" — Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual — e "Dorina Nowill para cegos", chegando a ser eleito como personalidade do ano em responsabilidade social pela Revista Época, no ano de 2005.
Fonte: Gustavo Cunha/O Globo