Restaurante japonês no DF põe clientes com pés dentro de aquário com peixes
No Vietnã, um café ganhou repercussão ao criar um grande aquário aberto onde os clientes se sentam em mesas com os pés na água e comem enquanto os peixinhos nadam entre as pernas deles. As imagens que já circularam o mundo todo, despertando curiosidade ou indignação de ambientalistas, agora se repetem em Brasília. Sim, na área mais nobre da cidade, o restaurante Made in Japan, que já existe na Ceilândia e abriu uma filial na Asa Sul, no final do mês passado, ganhou repercussão nas redes sociais com imagens inusitadas de suas instalações. Em um dos ambientes, é possível ter sushi à mesa — servido com efeitos especiais como fumaça de gelo — e pés na água com um pequeno cardume para chamar de seu. Aparentemente, são carpas, que são bonitinhas mas não apetitosas.
O conceito é quase de um restaurante-espetáculo. Vídeos da experiência já dividem opiniões. Um deles, que acumula mais visualizações e foi postado no TikTok, começa com um temaki — um cone feito de algas recheado com arroz e peixe — que surge num prato envolto em fogo. A entrada já deixa claro que os efeitos especiais são abundantes.
Na unidade de Ceilândia, o frequentador já se divertia sentado sobre um aquário cheio de peixes. Mas a grande novidade é agora se dobrou a aposta: neste novo, o aquário é aberto, ganhou mesas e o cliente fica com os pés entre os peixes. Quem assiste aos vídeos, e ainda não foi ou está longe de Brasília, levanta dúvidas sobre higiene e cuidados com a saúde dos animais. Entre outras perguntas, questionam se a pessoa pode mergulhar o pé com sapatos sujos e se há autorização para submeter os peixes a uma condição que pode ser estressante, inclusive, porque eles também ficam sob uma iluminação especial.
Estranheza e preocupação com estresse dos peixes
"Completamente horrorizado com esse estabelecimento na Asa Sul que meteu uma área que você SENTA DENTRO D'ÁGUA COM OS PEIXES', diz um internauta que replicou o vídeo do TikTok na X (antigo Twitter). Outros levantaram questões variadas no post: "pensando na água no final do dia após centenas de pés se banharem nela. Vou vomitar", observa. "É um monte de cafonice acumulada. Cadê a vigilância sanitária desse lugar?", pergunta uma mulher. E por fim: "Coitados dos bichinhos, isso não é sofrimento animal não? Que coisa estranha". Perguntas semelhantes já foram feitas no Vietnã.
Mas as atrações não se limitam ao aquário "aberto à visitação". O teto é coberto de sombrinhas japonesas coloridas, há um balanço no segundo andar e, nas escadas, há luzes que vão acendendo à medida que se sobe ou desce de um andar para o outro. Do lado de fora há uma fonte em tamanho grande e área para as crianças brincarem.
Pikachu "serve" sushi
As comidas são servidas explorando a criatividade e a ideia de show gastronômico. Até o Pikachu — conhecido personagem da franquia Pokémon — dá o ar da graça de boca aberta cheia de iguarias japonesas. A fumaça de gelo é tanta que, em alguns momentos, chega a encobrir o serviço e os pratos servidos ficam meio turvos nas imagens. Um drink verde que não cai quando o copo é virado de cabeça para baixo parece estar na categoria "um pouco de magia não faz mal", assim como um sorvete com algodão doce que desmancha sob uma cobertura colocada na hora. O fim do vídeo é apoteótico: um grupo engole de uma vez só o "bafo de dragão", um suspiro congelado que arranca gargalhadas na mesa, de acordo com o narrador: é que mais fumaça — de novo o efeito — fica saindo pela boca. E pelo nariz.
O Made in Japan foi procurado para falar sobre a novidade que está agitando a internet. O filho da proprietária que administra o restaurante, Sussumu França disse que eles queriam mesmo uma oportunidade de esclarecer a proposta e tranquilizar as pessoas sobre a segurança dos peixes. Ele explicou que o estabelecimento teve o cuidado de obter todas as licenças necessárias e consultou biólogos para planejar o ambiente, que é amigável para — ele confirmou — as carpas ornamentais. O resultado final, na opinião dele, garante uma experiência inédita para os clientes e Sussumu acredita seja o primeiro lugar a contar com o recurso no Brasil.
— Ouvimos um biólogo, inclusive, uma empresa especializada que cuida da manutenção e parâmetros da água. Todas a filtragem é específica para a finalidade, com gerador de ozônio e UV para garantir o bem-estar dos peixes — explica Sussumu, acrescentando que o restaurante tem todas as licenças para funcionamento. — A ideia de fato é visando uma experiência única para os consumidores.
E, além do mais, para acabar de vez com a polêmica do sapato, Sussumu assegura que, ao chegar ao local e manifestar o desejo de experimentar a "área alagada", o cliente passa por uma pequena triagem. O ambiente é exclusivo para apenas três mesas e, sim, é preciso retirar sapatos e meias. Só pés descalços são bem-vindos.
— Por exemplo, o cliente quando chega ao estabelecimento e tem o desejo de de entrar na área alagada passa por uma triagem. Nós perguntamos a ele se passou algum creme ou pó para os pés. Caso, a resposta seja positiva, a gente explica que naquele momento, os produtos que ele utilizou nos pés pode afetar os peixes — diz ele, que nestes casos orienta outras áreas do estabelecimento.
Fonte: O GLOBO