Prefeitura de SP pretende aumentar ações de prevenção à Covid em estradas, aeroportos e rodoviárias contra variante indiana a partir desta terça

Prefeitura de SP pretende aumentar ações de prevenção à Covid em estradas, aeroportos e rodoviárias contra variante indiana a partir desta terça
Saguão de check-in do Aeroporto de Congonhas em São Paulo (SP), no dia 11 de maio de 2021 — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Prefeitura de São Paulo pretende intensificar o controle em rodovias, aeroportos e rodoviárias na capital a partir desta terça-feira (24) para tentar evitar a chegada da variante indiana do coronavírus, que teve casos confirmados no estado do Maranhão neste final de semana.

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda (24), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que deseja iniciar as ações o mais rápido possível, mas que tais medidas não dependem apenas da gestão municipal.

Ainda de acordo com Nunes, a área técnica da Secretaria Municipal da Saúde irá se reunir com equipes do Ministério da Saúde nesta tarde. A expectativa é a de começar a implementar os protocolos a partir desta terça (25).

“Hoje à tarde tem uma reunião técnica para poder formalizar os procedimentos. Por parte da Prefeitura, a gente gostaria que começasse amanhã, o quanto antes, mas a gente ainda depende dessa reunião para poder fazer um trabalho coordenado, com inteligência, e que seja realmente eficaz”, afirmou Nunes.

O prefeito esteve na região da Capela do Socorro, Zona Sul da capital, para inaugurar uma unidade da República Jovem, casa de destinadas a jovens com idade acima de 18 anos em situação de vulnerabilidade social e sem condições de moradia.

Medidas

Nos aeroportos, alertas sonoros e visuais devem alertar a população sobre sintomas e sobre medidas de prevenção.

A prefeitura afirma ainda que serão realizadas “ações educativas” nas rodovias e que deve implementar uma triagem para identificar casos sintomáticos da Covid-19 entre passageiros do Terminal Rodoviário do Tietê provenientes do Maranhão.

A gestão municipal chegou a propor ao governo federal a exigência de teste negativo para passageiros de voos vindos do Maranhão, durante uma reunião virtual do secretário da Saúde, Edson Aparecido, com o ministro Marcelo Queiroga, no último sábado (22). No entanto, a pasta não acatou esta recomendação.

A exigência de testes do tipo RT-PCR para passageiros de voos domésticos só pode ser implementada se houver decisão do governo federal, segundo a Anvisa.

Em coletiva de imprensa no sábado (22), o Ministério da Saúde anunciou o envio de 600 mil testes rápidos de Covid-19 para o Maranhão e outros 450 mil para outros estados. O plano de testagem apresentado pelo governo federal, porém, não determina como deve ser feita a seleção de pessoas assintomáticas para a realização de exames.

Em nota, o ministério disse que “acolheu o conceito da estratégia” apresentada pela prefeitura de São Paulo.

Segundo a pasta, o plano de testagem para conter a variante indiana é dividido em três eixos: a realização de testes em pessoas sintomáticas; testes em assintomáticas, por meio de uma busca ativa em locais de grande circulação de pessoas e profissionais mais expostos ao risco; e testes para identificar a prevalência da doença em determinadas populações, o que permite o acompanhamento epidemiológico dos casos.

O ministro da Saúde disse, em nota, que "considerando que São Paulo é a maior cidade do país e Guarulhos é o maior aeroporto, devemos reforçar a vigilância para que essa variante não se espalhe pelo Brasil”. No entanto, Queiroga não detalhou como será feita a vigilância nestes locais.

Triagem em SP

A prefeitura da capital afirma que vai fazer uma triagem de passageiros nos principais terminais da cidade e que aqueles que têm sintomas da Covid-19 serão levados para unidades de urgência da região, onde será feita a testagem com RT-PCR.

“Em caso positivo do exame, os mesmos serão isolados por dez dias, a partir do início dos sintomas. Caso a pessoa seja comunicante da infectada, também será isolada e monitorada por 14 dias a partir do último contato”, afirma a secretaria da Saúde de SP.

Na quinta-feira (20), o estado do Maranhão confirmou os primeiros casos no Brasil da variante indiana, chamada de B.1.617. Eles foram identificados em tripulantes que estavam em um navio vindo da África do Sul. Antes do Brasil, o único país na América Latina que havia confirmado a presença da variante havia sido a Argentina.

Passageiros provenientes da Argentina, assim como de qualquer outro destino no exterior, devem apresentar teste negativo de Covid-19 desde dezembro de 2020.

Em entrevista à GloboNews, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, declarou que o objetivo é que a triagem seja iniciada nesta segunda-feira.

"A ideia é que a gente possa, em uma ação integrada e comandada pela Anvisa, fazermos todo esse processo de triagem, de isolamento e monitoramento, de ações educativas que possam ser preventivas em relação à circulação de novas variantes, principalmente a variante indiana", disse Aparecido.

"Acreditamos pelo menos preparar as funções de triagem com as nossas equipes, que nós vamos montar já nesse domingo para tentarmos colocar em trabalho na segunda-feira. Sobretudo, no Terminal Rodoviário do Tietê, onde chegam dois ônibus por semana do Maranhão", disse o secretário.

Procurado pelo G1, o governo do estado de São Paulo, por meio da secretaria estadual da Saúde, declarou que "está em contato com o Ministério da Saúde, Anvisa e os municípios para ampliar as medidas de controle e monitoramento em São Paulo".

"A Vigilância Epidemiologica do Estado e o Instituto Adolfo Lutz, em parceria com as prefeituras, intensificaram as medidas de rastreamento de casos procedentes das regiões que já tem registros da nova variante", disse a pasta.

Proposta da prefeitura de SP

Ações nos aeroportos Campo de Marte, Congonhas e Cumbica:

  • Exigência de teste PCR negativo para Covid-19 no momento do embarque em voos vindos do Maranhão e Argentina;
  • Detecção de passageiros com sintomas respiratórios;
  • Isolamento: encaminhamento para avaliação e testagem com RT-PCR. Isolamento e monitoramento por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
  • Alertas: emissão de alertas sonoros e visuais nos aeroportos sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença.

Ações em rodoviárias - transporte terrestre​:

 

  • Equipes farão triagem em passageiros de transporte terrestre buscando sintomáticos e aferindo a temperatura;
  • Isolamento: sintomáticos respiratórios detectados serão levados para unidade de urgência da região. Será realizada testagem com RT-PCR;
  • Serão isolados e monitorados por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
  • Ações educativas e de prevenção: passageiros assintomáticos serão orientados e receberão um check-list para detecção dos sintomas, formas de prevenção;
  • Se foram comunicantes do caso suspeito, serão isolados e monitorados por 14 dias a partir do último contato.

Rodovias e vias de acesso ao município de São Paulo:​

  • Ações em pedágios e postos de pesagem de caminhões: distribuição de cartilha com informações sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença;
  • Alertas visuais: informações divulgadas em painéis eletrônicos nas rodovias de acesso.

Estudos para monitoramento de novas variantes​:

  • Parceria com o Instituto Butantan e Instituto de Medicina Tropical da USP;
  • Seleção de amostras com RT-PCR detectáveis e encaminhamento para sequenciamento genético para detecção da variante;
  • Coletas em Unidades de Saúde: amostras por semana epidemiológica, abrangendo as 6 regiões do município.

Epidemia em São Paulo

Até o momento, nenhum caso da variante identificada pela primeira vez na Índia foi detectado na capital paulista. A variante predominante São Paulo é a brasileira (P1), que, segundo as autoridades de saúde, tem levado mais gente aos hospitais, e por mais tempo.

Segundo a Prefeitura, a cidade iniciou em abril, em parceria com o governo do estado, o encaminhamento de parte das amostras de exames PCR-RT positivos ao Instituto Butantan para análise genômica para identificar as cepas circulantes neste momento no município de São Paulo.

O estado apresenta estabilidade de novas internações, casos e mortes, mas em patamar ainda muito alto. Apesar dos índices preocupantes da epidemia, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na quarta-feira (19) novas flexibilizações da quarentena para os próximos dias em todo o estado.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), afirmou que caso exista um novo aumento da epidemia na capital, novos leitos serão abertos. "Se houver uma nova onda, a cidade de São Paulo está absolutamente preparada para abrir 250 leitos de UTI em curto espaço de tempo", disse o prefeito.

Fonte: Patrícia Figueiredo e Marina Pinhoni, G1 SP — São Paulo