População sem renda em Aracaju sofre com a falta do auxílio emergencial
A pandemia de covid-19 representa riscos para a saúde e a vida dos brasileiros, com fortes impactos negativos também sobre as atividades produtivas. O isolamento social, como uma das principais medidas para frear a transmissão da doença, durou cerca de cinco meses em Sergipe, levando muitas empresas a fechar as portas, com reflexos diretos no aumento do universo de trabalhadores desempregados. O Auxílio Emergencial, concedido pelo Governo Federal durante a pandemia, chegou a ser a única renda de milhares de famílias. Com o fim do benefício em dezembro passado, muitas delas agora estão enfrentando sérias dificuldades.
Em Sergipe, foram pagos cerca de R$ 3.7 bilhões de auxílio emergencial para 867.216 pessoas, o que corresponde a 37,40% da população, conforme dados do Ministério da Cidadania. Do total de beneficiários, 125.695 não recebiam nenhum tipo de benefício e se cadastraram pelo aplicativo para ter direito ao auxílio, a única renda para muitas famílias que se viram - e ainda se veem - enfrentando total insegurança quanto à própria subsistência.
A diarista Maria José Pereira vivencia essa realidade. Ela mora em Nossa Senhora do Socorro e depende de faxinas para garantir sua renda mensal. A partir da pandemia, porém, as portas de muitas casas se fecharam para profissionais como Maria, não só pelo temor da potencial exposição ao novo coronavírus, mas também porque famílias para as quais trabalhava tiveram sua própria renda diminuida. O auxílio emergencial foi a única salvação para a diarista durante o ano de 2020. Com o fim das parcelas do benefício, Maria vive com cerca de R$ 360, montante auferido nas três faxinas mensais que faz em duas residências, insuficiente para o pagamento de contas como aluguel, água, energia, fora os gastos com alimentação.
“Antes da pandemia eu trabalhava a semana quase toda nas casas das pessoas. Mas depois que começou tudo isso, estou sem trabalhar. E agora, sem o auxílio, tá muito pior, porque as patroas ainda não estão chamando para serviço, afinal, o vírus ainda existe. Estou indo apenas para uma casa, duas vezes no mês, e em outra, uma vez por mês. O auxílio está fazendo muita falta mesmo”, disse Maria ao F5 News, com a voz embargada.
A aracajuana Leomária Tavares, de 28 anos, também trabalha como diarista e igualmente viu as dificuldades aumentarem com o fim do auxílio emergencial. “Antes eu tirava cerca de R$ 300 por semana fazendo faxina. Hoje em dia, quando muito é R$ 100. O auxílio estava me ajudando muito. Gostaria muito que voltasse, mas o que eu queria mesmo era que essa doença acabasse, para eu poder voltar a trabalhar como antes”, desabafou.
O Ministério da Economia já trabalha com a possibilidade de concessão de um novo benefício nos moldes do Auxílio Emergencial, no entanto, com valor inicial estimado em R$ 200. O recurso seria voltado a essa parcela da população que atualmente não recebe nenhum tipo de benefício federal. A viabilidade da medida está condicionada, porém, a tratativas junto ao Congresso Nacional, já que a União dependerá de créditos extraordinários para custeá-la.
Fonte: F5News