Patriarca ortodoxo nomeia Putin exorcista chefe contra a Ucrânia

Patriarca ortodoxo nomeia Putin exorcista chefe contra a Ucrânia
Cirilo I e Putin Foto: AFP

O patriarca Cirilo I, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, nomeou o presidente Vladimir Putin como "exorcista chefe" da Rússia. O título foi conferido num momento em que "combate ao satanismo" tem sido a expressão mais repetida em Moscou para justificar a invasão da Ucrânia. De acordo com a Rússia, a ex-república soviética se tornou um país tomado por "centenas de seitas" que se afastam dos "valores ortodoxos". O governo ucraniano teria se tornado uma "hiperseita totalitária". Putin, disse Cirilo I, é o "guerreiro contra o anticristo".

Inicialmente, a invasão da Ucrânia foi tratada por Moscou como uma "desnazificação" da ex-república soviética. Porém, recentemente, o termo foi substituído por "dessatanização" dos vizinhos ucranianos, sendo ecoado com frequência na TV estatal russa. A expressão ganhou força após declaração de Aleksey Pavlov, secretário adjunto do conselho de segurança da Federação Russa:

"Acredito que, com a continuação da operação militar especial, torna-se cada vez mais urgente realizar a dessatanização da Ucrânia", disse Pavlov, segundo a agência de notícias estatal russa Tass. "Usando manipulação da internet e psicotecnologias, o novo regime transformou a Ucrânia de um estado soberano em uma hiperseita totalitária", acrescentou.

Pavlov disse estar particularmente preocupado com a "Igreja de Satanás", que, supostamente, "espalhou-se pela Ucrânia" e "é uma das religiões oficialmente registradas nos EUA". O secretário adjunto afirmou, ainda, ver manifestações de "satanismo" em "convocações para matar russos", concuindo que há "centenas de seitas" na Ucrânia, onde, segundo ele, os cidadãos abandonaram os valores ortodoxos.

Quando Putin anunciou, em setembro, que havia anexado quatro territórios na Ucrânia após referendos questionáveis, ele acusou as nações ocidentais de "satanismo absoluto". O líder checheno Ramzan Kadyrov, importante aliado militar de Putin, classificou o conflito como uma guerra santa contra o satanismo.

"A ditadura das elites ocidentais é dirigida contra todas as sociedades, incluindo os próprios povos dos países ocidentais. Este é um desafio para todos", declarou o presidente russo. "Esta é uma negação completa da humanidade, a derrubada da fé e dos valores tradicionais. De fato, a supressão da própria liberdade assumiu as características de uma religião: o satanismo absoluto", emendou.

O discurso ganhou ainda mais força quando Cirilo I se pronunciou na última terça-feira (25/10). O patriarca assumiu um tom apocalíptico e comentou que Putin, consagrado como "exorcista chefe", está lutando contra a manifestação do globalismo, e "o nome daquele que reivindicará o poder global estará associado ao fim do mundo". Na celebração dos 70 anos de Putin, no início deste mês, Cirilo I chegou a declarar que "Deus tinha colocado Putin no poder".

Fonte: Extra/Globo.com