Médico desabafa e teme que pessoas morram nas calçadas dos hospitais

Médico desabafa e teme que pessoas morram nas calçadas dos hospitais
O médico intensivista, Luiz Flávio Prado, relata o memento crítico da saúde em Sergipe (Foto: Rede Social)

O médico intensivista, Luiz Flávio Prado, fez um desabafo em suas redes sociais na noite de última quinta-feira, 11, sobre a situação preocupante e crítica da evolução da Covid-19 em Sergipe. O profissional fez um apelo a população e ao poder público para que adotem medidas mais rígidas de isolamento antes que seja tarde demais.

O médico trabalha em Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) de quatro hospitais e relatou que a situação é crítica e assustadora, nunca vivida por ele em mais de 20 anos de profissão.

“Eu acabei de viver uma situação que é surreal. Eu tive que pedir ajuda aos colegas de UTI para entubar simultaneamente três pacientes, dois deles jovens, um de 31 anos e outro de 42 anos. Nunca passei por uma situação dessas. São pacientes que evoluem rápido e muito grave, e a gente não vai ter mais vaga porque quando a gente entuba um paciente em UTI, normalmente ele vai ficar de 7 a 20 dias ocupando esse leito”, alerta.

O médico diz que não sabe a quem pedir, mas faz um apelo a todos para que entendem o momento crítico e que façam alguma coisa para evitar que tantas pessoas morram sem sequer conseguir atendimento médico.

“Eu estou verdadeiramente pasmo. O que está faltando para as pessoas entenderem o momento que estamos vivendo? Estamos com hospitais fechando as portas e bares, restaurante e shoppings abertos. Por mais que os hospitais queiram ampliar a estrutura, ela é finita! Não temos onde colocar mais pacientes e ventiladores não se constroem e nem se vende na feira. Não teremos com ampliar leitos de UTI com a velocidade que os casos estão acontecendo”, ressalta o médico que revela medo do que estar por vir.

“Estou verdadeiramente com medo de que a gente comece a ver a situação de pessoas nas calçadas aguardando uma vaga nos hospitais de portas fechadas. Será que teremos que ver as pessoas morrendo nas calçadas para tomar uma atitude?”, questiona.

Por fim, o médico aponta que a única maneira de conter o vírus é manter as pessoas em isolamento para evitar o contágio e vacinar. “Não dá para continuar assim. Se a gente fechar agora vamos ter um reflexo disso talvez daqui a uma ou duas semana. Se a gente esperar contar com ocupação de UTI para fechar, vai dar errado. A gente não consegue abrir UTI no ritmo dos casos. Alguém tem que fazer alguma coisa. Isso não vai dar certo”, alerta.

Fonte: Karla Pinheiro/Infonet