Guedes fala sobre ameaça de prisão de Bolsonaro em conversa com membros da transição de Lula
Em sua primeira reunião com economistas da transição do governo Lula, na quinta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre uma eventual “ameaça” de prisão de Bolsonaro, após deixar o Palácio do Planalto.
Segundo presentes, Guedes disse que “não é razoável um país onde todo ex-presidente é ameaçado de prisão”. Em sua fala, Guedes citou “Lula, Temer e, agora, o Bolsonaro”. Na conversa, o chefe da pasta da Economia descreveu Bolsonaro como uma “pessoa simples, palmeirense”.
O tema foi abordado por Guedes no início do encontro, quando relatou ao ex-ministro da Fazenda e integrante do grupo técnico de Economia na transição, Nelson Barbosa, sobre uma das primeiras vezes em que ouviu seu nome. Guedes contou aos membros da equipe do governo eleito que, em dezembro de 2015, em jantar com a então presidente Dilma Rousseff, soube que ela havia decidido demitir o ministro da Fazenda na época, Joaquim Levy, e que tinha uma “solução caseira”. Dias depois, Nelson Barbosa, que era ministro do Planejamento, assumiria o posto.
Ao relatar o jantar com Dilma, realizado há sete anos, Guedes disse que chegou a dar dois conselhos à então presidente: subscrever o “plano Temer” e pedir ao Legislativo que fizesse uma reforma política. O ministro contou que, no encontro com a petista, apontou que a reforma era necessária, porque o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o então presidente do Senado, Renan Calheiros, eram investigados. Essa lista incluía, ainda, seu opositor, o então senador Aécio Neves.
Ao relatar que, naquela época, todos esses nomes estavam ameaçados de prisão, Guedes comparou o cenário com os dias de hoje e disse que “basta virar ex-presidente para ficar sob ameaça de prisão”. O ministro descreveu esse cenário como “absurdo” e afirmou que há uma “falha sistêmica”.
Em conversas com políticos e integrantes de cortes superiores, Guedes já tratou do tema e trouxe preocupações sobre a “judicialização da política”, que abriria caminho para acusações de “politização do Judiciário”.
Os presentes relataram que, apesar do assunto, a conversa teve clima amistoso e que o foco principal foi a conciliação de orçamentos.
Fonte: Bela Megale/O Globo