Duelo de celulares dobráveis: Moto Razr 40 Ultra x Galaxy Z Flip5

Duelo de celulares dobráveis: Moto Razr 40 Ultra x Galaxy Z Flip5
Galaxy Z Flip5 e Moto Razr 40 Ultra com as telas externas ativadas — Foto: Celso Tavares/g1

Moto Razr 40 Ultra, da Motorola, e Galaxy Z Flip5, da Samsung, são celulares da geração mais recente na categoria dos dobráveis.

São novidades mesmo: o Razr 40 Ultra está à venda desde junho e o Z Flip5 chega às lojas esta semana.

Eles têm uma vantagem na comparação com os modelos mais antigos: os telefones nem sempre precisam estar abertos para poder utilizar seus recursos.

As telas externas são grandes e permitem realizar diversas tarefas por ali, mesmo com os aparelhos fechados. Dá até para jogar sem abrir o telefone e tirar selfies com a câmera principal.

As desvantagens dos dobráveis são uma duração menor da bateria na comparação com os celulares convencionais e menos recursos de câmera, por falta de espaço no aparelho.

Isso sem contar o preço alto, que fica na faixa dos modelos topo de linha, de dispositivos com menos funcionalidades.

O Guia de Compras testou os dois dobráveis que, como os telefones premium, também são mais caros. Ambos custavam na faixa dos R$ 8.000 nas lojas on-line consultadas em agosto.

Veja a seguir as principais características técnicas de cada um deles (Razr, Galaxy) e, na sequência, os resultados dos testes (design e tela externa, desempenho, 5G, bateria e câmeras) e a conclusão.

O Motorola Razr 40 Ultra é uma evolução do primeiro dobrável da marca, lançado no final de 2019 e que tentava aproveitar o saudosismo dos celulares Razr dos anos 2000.

É um aparelho com uma boa configuração técnica, mas não a mais recente, e uma duração de bateria um pouco maior que a do Galaxy Z Flip5 – dura quase 1 hora a mais que o concorrente.

Sua tela externa permite usar o telefone mesmo fechado para rodar aplicativos, responder mensagens, atender ligações e até mesmo jogar.

O Razr 40 Ultra custava R$ 8.000 nas lojas da internet em agosto, em sua versão com 256 GB de armazenamento interno.

O Samsung Galaxy Z Flip5 tem configurações técnicas mais avançadas que o dobrável da Motorola, com um processador mais novo e um pouco mais veloz.

Já sua bateria é menos eficiente na comparação com o modelo da Motorola.

A tela externa cresceu na comparação com o Galaxy Z Flip4 (leia o teste), mas é um pouco menor que a do Razr 40 Ultra.

Ela serve para mostrar notificações e criar atalhos para recursos rápidos, como ligar o wi-fi ou alternar entre músicas – o uso de aplicativos é considerado experimental e limitado pela fabricante.

O Galaxy Z Flip5 era vendido por R$ 8.000 em sua versão com 256 GB de armazenamento. O modelo com 512 GB custava R$ 9.000.

Design e tela externa

Fechados, os dois celulares dobráveis até parecem iguais. São blocos quadrados, um pouco espessos e com diferenças que aparecem ao ativar a tela externa.

Ambos têm 15,1 mm de espessura com a tela fechada e 6,9 mm com o display aberto – é a mesma espessura em todo o telefone dobrado. Com a tela aberta, o Motorola é maior que o Samsung.

Nas gerações anteriores, os da Samsung era mais “abertos” na parte da dobra e “fechados” nas pontas, mas esse problema foi resolvido com o Z Flip5.

O Moto Razr 40 Ultra tem quase toda sua parte frontal ocupada pela tela externa, que começa um pouco acima da dobra e vai até acima das lentes das câmeras.

Essa tela de 3,6 polegadas é 100% funcional e roda todos os apps instalados no telefone – mas é preciso selecionar quais vão aparecer nessa área. Se quiser responder e-mail, mandar WhatsApp ou usar as redes sociais favoritas, não existe limitação.

Ela também mostra contatos favoritos, agenda, previsão do tempo, jogos e tem uma interface específica de controle para o Spotify, de streaming de música.

Já o Galaxy Z Flip5 também tem uma tela externa grande, com 3,4 polegadas.

Mas, diferente do Razr, ela não é 100% funcional – você pode usar apps, desde que sejam os que a Samsung liberou para instalar “do lado de fora” do celular.
Não são muitos: Google Maps, Mensagens, Netflix, YouTube e WhatsApp. Nem o Facebook, que já veio instalado no celular, pode ser usado na tela externa.

A tela externa do Galaxy também traz os widgets, que são blocos de informação rápida.

Eles mostram notificações de e-mail e mensagens, entre outros, e permitem controlar a reprodução de músicas e podcasts, ajustar alarmes, ligar um gravador ou temporizador e mostrar a agenda do dia.

Nos dois dobráveis, a tela externa também ajuda a tirar selfies com a câmera principal do aparelho, que é uma função bastante divertida.

No uso cotidiano, a tela maior do lado externo é bastante prática, já que não é necessário abrir o telefone para ver uma mensagem ou digitar um e-mail.

Mas vale notar que o espaço é bastante limitado nos dois aparelhos – o teclado ocupa quase todo o display e as teclas são pequenas. Por conta disso, não espere usar o tempo todo essa área do celular para escrever um longo e-mail, por exemplo.

Desempenho

Apesar de terem sido lançados recentemente nas lojas, as configurações técnicas dos dois telefones contam com a diferença de um ano em seu processador.

O processador Qualcomm Snapdragon 8+ Gen 1, usado no Razr 40 Ultra, foi anunciado no final de 2021 e era o “motor” dos celulares topo de linha no ano passado.

Já o Galaxy Z Flip5 vem com um Snapdragon 8+ Gen 2, que é o modelo mais recente lançado pela Qualcomm. Esse chip é utilizado em outros celulares de diversas marcas em 2023, incluindo a Samsung (leia o teste do Galaxy S23 Ultra).

Ambos têm 8 GB de RAM. Quanto mais memória RAM, melhor será o desempenho do smartphone. Não confundir com o armazenamento interno do aparelho, que guarda o sistema operacional, aplicativos e dados do dono do telefone.

Nos testes de desempenho, que simulam o uso do celular no dia a dia, o resultado foi melhor para o dobrável da Samsung, com pequenos ganhos de performance na comparação.

De qualquer forma, nenhum dos dois travou ou apresentou lentidão durante o uso. O da Motorola, porém, demonstrou um erro na tela externa, que ficou piscando. Reiniciar o aparelho resolveu o problema.

Nos testes gráficos, que medem o modo como os aparelhos lidam com games e vídeos, o resultado também foi melhor para o celular da Samsung.

Vale notar que, para games, a tela do Razr 40 Ultra tem melhores configurações que a do Galaxy Z Flip5, com uma taxa de atualização de 165 Hz na tela interna (e 144 Hz na externa).

O concorrente tem taxa de atualização de 120 Hz na tela interna e 60 Hz na externa.

A taxa de atualização mostra quantas vezes a tela "pisca" por segundo, gerando imagens mais fluidas e ajudando no desempenho de games mais pesados.

Em um teste de uso sob a luz do sol, as telas do Samsung ativaram de forma automática um modo de brilho extra, deixando seu conteúdo mais legível.

A externa do Motorola funcionou melhor que a interna, que se mostrou bastante escura, mesmo com brilho no máximo.

5G

A avaliação de velocidade 5G teve resultados bastante próximos para os dois celulares, na faixa dos 580 Mbps para download.

Para upload, o Razr foi mais veloz (99 Mbps) que o Galaxy (68 Mbps).

Os resultados do teste com 5G dependem de diversos fatores, como qualidade do sinal, distância da antena 5G, se o 5G é "puro" (o chamado standalone) ou compartilhado com a rede 4G ("non-standalone") e até mesmo usar o celular em ambiente interno ou externo.

Bateria

A capacidade da bateria dos smartphones dobráveis é menor que a dos celulares normais. Isso ocorre porque esses aparelhos costumam ter uma parte da bateria em cada metade do dispositivo.

O Galaxy Z Flip5 tem 3.700 mAH de capacidade de bateria (mAH é a unidade de medida de carga energética). Já o Razr 40 Ultra, 3.800 mAH.

Para comparação, um Galaxy S23 Ultra tem 5.000 mAH.

Nos testes, o Moto Razr 40 Ultra bateu quase uma hora a mais (10h30) que o Z Flip5 (9h40) na duração estimada da bateria.

Se o Moto Razr 40 Ultra fosse utilizado apenas com a tela externa, a duração chegaria a 16h. Esse foi o resultado do teste em uma condição improvável de uso para o telefone e que não foi possível executar na tela exterior do Z Flip5.

Câmeras

Apesar de serem aparelhos caros, os celulares dobráveis não têm câmeras incríveis como a de modelos que custam ainda mais.

Isso ocorre por causa da engenharia dos fabricantes, que privilegia a tela dobrável e deixa faltar espaço para o zoom óptico, por exemplo.

Mas, apesar de limitados, os resultados do Razr e do Z Flip5 são muito bons na câmera principal – ambos têm 12 megapixels de resolução nesse sensor.

Os aparelhos vêm ainda com uma câmera grande angular. No Z Flip5, ela também tem 12 mp de resolução. No Razr 40 Ultra, são 13 megapixels e funciona como lente macro, para capturar detalhes.

Apesar das resoluções iguais, os resultados são similares aos encontrados nas câmeras dos celulares das duas marcas.

As imagens capturadas no Moto Razr 40 Ultra têm um perfil de cores mais esbranquiçado ou frio. As feitas no Z Flip5 ficam com um tom mais alaranjado e quente, com um azul do céu mais destacado.

Apesar da ausência de um zoom óptico, os dois celulares contam com zoom digital que aproxima a cena em até 10x. O da Samsung foi melhor:

Ter um celular dobrável significa tirar selfies de dois modos: usando a tela externa como visor para a câmera principal ou usando a câmera interna, como em qualquer telefone convencional.

Aí as selfies podem ter 12 megapixels de resolução – que é a da câmera principal. Ou 32 megapixels, no Moto Razr 40 Ultra, e 10 mp, no Galaxy Z Flip5, com a câmera em cima da tela.

A diferença é quase imperceptível vendo os resultados das câmeras interna e externa para selfies.

Conclusão

QUAL ESCOLHER? Levando em consideração o desempenho e a maioria da configuração, o dobrável da Samsung é mais poderoso que o da Motorola.

Mas, no uso cotidiano, o Razr 40 Ultra tem a grande vantagem de permitir usar qualquer aplicativo instalado no celular. O Galaxy Z Flip5 é mais limitado nesse sentido.

As câmeras dos dois são bastante parecidas, ambos rodam o Android mais recente (13) e seus preços são similares – na faixa dos R$ 8.000.

A escolha do consumidor deve ser feita avaliando o design e as funcionalidades de cada modelo. Na avaliação do Guia de Compras, o Razr 40 Ultra é uma opção melhor por conta da tela externa.

E o Galaxy Z Flip5, por causa do desempenho.

COMPENSA TER UM DOBRÁVEL? Por anos, os celulares foram planos, com pequenas diferenças de design. Conforme o tempo, a tela cresceu, os recursos aumentaram de forma incremental e os fabricantes ficaram sem muita inovação em suas linhas de produto.

Os dobráveis tentam preencher esse espaço de novidade. Mas são celulares que devem ser considerados mais como um acessório da moda, que cabe fácil na bolsa ou bolso.

E, se comparados com os modelos mais avançados de qualquer marca, eles sacrificam alguns recursos – câmeras com zoom, bateria – para ter um design com tela de plástico que se curva ao meio.

Nada se compara ao prazer de poder desligar uma ligação telefônica fechando o aparelho, como nos anos 2000. Mas quem faz ligações hoje em dia?

Como foram feitos os testes

Motorola e Samsung são as únicas fabricantes que vendem celulares dobráveis no Brasil. Os aparelhos foram emprestados pelas marcas e serão devolvidos.

Para os testes de desempenho, foram utilizados três aplicativos: PC Mark e 3D Mark, da UL Laboratories, e o GeekBench 6, da Primate Labs. Eles simulam tarefas cotidianas dos smartphones, como processamento de imagens, edição de textos, duração de bateria e navegação na web, entre outros.

Esses testes rodam em várias plataformas – como Android, iOS, Windows e MacOS – e permitem comparar o desempenho entre elas, criando um padrão para essa comparação.

Para os testes de bateria, as telas dos smartphones foram calibradas para 70% de brilho, para poder rodar o PC Mark. Isso nem sempre é possível, já que nem todos os aparelhos permitem esse ajuste fino.

A bateria foi carregada a 100% e o teste rodou por horas até chegar ao final da carga. Ao atingir 20% ou menos de carga, o teste é interrompido e mostra o quanto aquele smartphone pode ter de duração de bateria, em horas/minutos.

O resultado é uma estimativa de quanto aquela bateria pode durar longe da tomada. Na prática o número da vida real pode ser distinto, já que não usamos o telefone da forma intensiva o tempo todo.

Para os testes de câmera, foram feitas fotos dentro de casa e na rua (quando possível), com várias mudanças de iluminação em cenários similares para poder comparar as imagens.

Os testes de 5G foram feitos usando uma linha da operadora Vivo, no bairro do Cambuci, em São Paulo. O aplicativo SpeedTest, da Ookla, serviu para medir velocidades de download e upload.

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Fonte: Henrique Martin, g1