Daniel Alves rebate comparações com Robinho e diz que recusou visitas de amigos
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Preso em Barcelona há seis meses acusado de estupro, Daniel Alves rechaçou ser comparado com Robinho, que, por sua vez, foi condenado a nove anos de prisão pelo mesmo crime na Itália. O ex-lateral do Barça está em prisão preventiva e aguarda julgamento. À jornalista Mayka Navarro, do jornal La Vanguardia, ele retrucou quando provocado sobre o caso do ex-Santos.
– Eu vou dar a cara sempre e não fugir. Por isso não entendo que não me conceda a liberdade provisória por risco de fuga. Que fuga? Vou sempre dar a cara, com a cabeça muito erguida. Não penso em fugir das minhas responsabilidades – disse Alves.
“Eu não sou Robinho, sou Dani Alves. Saí de casa aos 14 anos e desde então busco a vida e soluciono todos os problemas”, declarou.
A entrevista com o brasileiro ocorreu na última segunda-feira. Trechos das duas horas de conversa foram divulgados no jornal La Vanguardia, na quarta e nesta quinta. A jornalista também compartilhou mais detalhes no Programa da Ana Rosa, famoso na Espanha.
Na TV, Mayka Navarro contou que Daniel Alves recebeu pedidos de visitas de alguns ex-companheiros do futebol. Ele não citou nomes, mas disse que recusou todas as solicitações e recomendou que os amigos não o visitassem na prisão. E reiterou que não sentiu falta deles.
– De nenhum (sente falta dos amigos?). Também digo que todos com quem joguei no futebol não são meus amigos. Mas, sim, tenho amigos no futebol, que inclusive quiseram me visitar, mas não deixei. A prisão não é lugar para eles. Tampouco para meus filhos, meus pais e minha esposa, mesmo que, ao final, estou há tantos meses e os deixei me visitar – confessou.
“Não deixo ninguém vir e não quero que ninguém me defenda em público, porque agora mesmo, me defender é prejudicial para quem o fizer. Não espero nada de ninguém”, declarou Alves.
O ex-jogador da Seleção, de 40 anos, também afirmou que se emocionou ao ouvir as declarações do ex-companheiro e atual técnico do Barcelona, Xavi Hernández. O treinador se limitou a dizer que estava em choque pela prisão de Daniel Alves e, no dia posterior, se desculpou por não ter citado a vítima em seu comentário.
– Xavi é meu amigo, meu amigo de toda a vida e não pensou nas consequências que teria quando disse aquilo. Quando ouvi, chorei. Queria pegar um telefone e ligar para ele e dizer: “Obrigado, mas não volte a fazer isso nunca mais. Não diga nada. Faça o favor de me esquecer, e eu cuido de mim” – disse o brasileiro.
“Se sou condenado, sairei com a cabeça erguida”
Daniel Alves reconheceu que mentiu nas diferentes versões que deu em seus depoimentos e justificou a atitude por temer que seu casamento com a modelo Joana Sanz fosse afetado. Ele mantém o relato de que o ato sexual foi consentido.
– Se alguém amou alguma vez de verdade, se conheceu, como eu, o amor verdadeiro, saberá que, para conservar esse amor, a gente faz qualquer coisa. Eu menti. Tive medo de perder Joana e por isso menti – afirmou.
A modelo se separou do jogador e, nesta quinta-feira, disse que não gostaria de falar mais sobre o ex-marido, quando perguntada sobre a entrevista. O lateral afirmou que, mesmo se for condenado, vai enfrentar o processo de consciência limpa.
– Mesmo se for condenado e passar os anos aqui (na prisão) os anos que tiver que passar, sairei por essa porta com a cabeça erguida, pedindo perdão somente à única pessoa que devo desculpas, minha mulher.
Entenda a acusação
Nos primeiros dias após a prisão do jogador, os principais jornais da Espanha – como "El País" e "El Mundo", de Madri, e "El Periódico" de Barcelona – publicaram trechos do depoimento prestado à Justiça pela mulher que acusa Daniel Alves de estupro. O jogador está em prisão preventiva sem direito a fiança. Ele nega ter cometido o crime do qual é acusado.
De acordo com os relatos publicados pela imprensa espanhola, a vítima contou no depoimento que no dia 30 de dezembro de 2022 estava na boate Sutton, em Barcelona, quando o grupo do qual fazia parte recebeu um convite para entrar numa área VIP. Um garçom as levou até uma mesa onde estava Daniel Alves, a quem a vítima inicialmente não reconheceu. Um grupo de mexicanos, amigos do jogador, o apresentou à denunciante.
Segundo os jornais, a vítima relatou à Justiça que ela e Daniel Alves dançaram juntos até que o jogador "levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada". Por volta das 4h30 da madrugada, ele pediu a ela para segui-lo até uma porta. Assim que entraram, ela se deu conta que estava num banheiro. Ali teria ocorrido o crime.
Sempre de acordo com o depoimento da denunciante, ela teria tentado sair do banheiro, mas foi impedida. Daniel Alves a teria penetrado de maneira violenta até ejacular. Ele teria sido o primeiro a deixar o banheiro. Quando ela saiu, contou o que aconteceu a uma amiga.
Quando a segurança do local foi informada, o lateral já tinha deixado a boate. A vítima foi imediatamente fazer exames num hospital. Dois dias depois, ela fez a denúncia à polícia. O DNA de Daniel Alves foi encontrado nos testes feitos pela moça. Desde o início, a juíza do caso afirma que "há provas suficientes" para a condenação do jogador.
Segundo a imprensa espanhola, a previsão é que o julgamento ocorra entre o fim de outubro e início de novembro. Desde que foi preso, Daniel Alves teve três pedidos de liberdade provisórias negados, o último deles em junho.
Fonte: Globoesporte.com