Corrida por pílula que protege contra radiação nuclear faz preços dobrarem; produto já está em falta

Corrida por pílula que protege contra radiação nuclear faz preços dobrarem; produto já está em falta
Uma mulher numa farmácia em Bruxelas Foto: AFP

NOVA YORK — Consumidores ansiosos e preocupados com a questão da energia nuclear após a invasão da Ucrânia pela Rússia estão promovendo uma corrida por pílulas que protegem contra a radiação. O preço do comprimido mais que dobrou em sites, as buscas no Google saltaram mais de 1.000% e já há até falta do produto em países europeus.

As pílulas que prometem proteger o organismo da radiação são feitas de iodo e de iodeto de potássio. Elas ajudam a proteger a tireóide de produtos químicos radioativos.

Um frasco de 180 comprimidos de iodo de potássio, agora, custa quase US$ 70 (o equivalente a cerca de R$ 350) no site da Amazon.

No início do ano, ele saía por US$ 30 (cerca de R$ 150), de acordo com o site de rastreamento de preços CamelCamelCamel.

Outro, da NOW Foods, custa agora US$ 29,98 (cerca de R$ 150). O produto saía por cerca de US$ 20 (aproximadamente R$ 100) no final de 2021.

Pesquisa no Google salta mais de 1.000%

A demanda é mais intensa na Europa. A Finlândia registrou um aumento de mais de cem vezes, e a Noruega vem enfrentando escassez depois que 90.000 pacotes foram vendidos na semana passada.

Nos EUA, pesquisas no Google por "o iodo ajuda na guerra nuclear?" aumentou 1.150% nos últimos sete dias.

O bombardeio russo causou um incêndio em um prédio da usina nuclear de Zaporizhzhia — a maior instalação desse tipo na Europa — e as forças do país destruíram um laboratório atômico de física sob proteção internacional na segunda maior cidade do país.

Instalações de resíduos nucleares em Kiev também foram danificadas durante a primeira semana da guerra. Enquanto isso, Putin colocou seu arsenal nuclear em um "regime especial de alerta máximo de dever de combate".

Risco de guerra nuclear é remoto

O principal chefe de espionagem dos EUA, porém, disse que as advertências públicas do presidente russo sobre colocar suas forças atômicas em alerta maior são principalmente simbólicas, pois não foram vistas mudanças na postura nuclear do país.

Ainda assim, os combates na Ucrânia levantaram temores de um incidente radioativo, levando os consumidores às farmácias para se protegerem de um eventual ataque nuclear.

O iodeto de potássio é um sal de iodo estável, que é necessário ao corpo humano para produzir hormônios da tireoide.

O máximo de o iodo que as pessoas têm em seus corpos vem da alimentação. O iodo radioativo, porém, pode ser liberado no ar após um evento nuclear, inalado e  ser absorvido pela glândula tireoide. Iodeto de potássio e iodo funcionam bloqueando a entrada de iodo radioativo na tireoide.

Mesmo antes da invasão da Ucrânia, a Autoridade de Radiação e Segurança Nuclear Norueguesa recomendou que todos com menos de 40 anos guardassem comprimidos de iodo em casa porque submarinos movidos a energia nuclear costumam viajar ao longo da costa norueguesa.

Nos EUA, um site chamado Ready.gov, operado pelo governo, recentemente atualizou suas orientações no caso de um explosão nuclear, mas não mencionou iodo.

Os Centros de Controle de Doenças dizem que as pessoas só devem tomar iodeto de potássio por recomendação da saúde pública ou funcionários da gestão de emergências. Tomar uma dose mais forte do que recomendado ou mais frequentemente do que o sugerido pode resultar em doença ou morte.

Fonte: Bloomberg/O Globo