Clínica de médico colombiano não tinha licença sanitária, diz Vigilância

A Vigilância Sanitária afirmou nesta quinta-feira (23) que a clínica do médico Brad Alberto Castrillion não tinha licença sanitária para funcionar.
Nesse estabelecimento, na última sexta-feira (17), o colombiano fez uma hidrolipo na diarista Maria Jandimar, de 39 anos. Ela teve complicações e morreu minutos depois, na calçada.
A Vigilância Sanitária disse ainda que a inspeção obrigatória sequer foi pedida. Essa vistoria deveria ter sido feita para o funcionamento do espaço.
A versão da Vigilância Sanitária é diferente da que foi dada pela Polícia Civil — que havia garantido que a clínica estava habilitada para funcionar.
Nesta quinta-feira, a Polícia Civil disse que verificou que a clínica tinha alvará de funcionamento, que é um documento diferente da licença sanitária, mas não respondeu por que não pediu a documentação da Vigilância Sanitária.
Câmeras gravam todo o incidente
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela TV Globo mostram todo o incidente. Maria Jandimar chega às 11h do dia 17 ao 15º andar do centro comercial em Vicente de Carvalho, onde fica a clínica.
Mais de duas horas depois, às 13h23, o médico colombiano aparece no mesmo corredor, empurrando a diarista, que está numa cadeira de rodas.
O instrumentador Zander Mendonça, que participou do procedimento, e uma paciente que esperava para fazer uma sessão de drenagem linfática ajudam no socorro.
Em outra imagem, o instrumentador e a paciente chamam o elevador. Zander ajeita o lençol que cobre a diarista.
Dentro do elevador, o médico e o instrumentador seguram a cabeça da paciente. Ela está com os olhos abertos e parece estar tremendo.
Na saída de emergência do centro comercial, Zander entrega uma injeção na mão do médico, que aplica na diarista.
Reanimação durou mais de 30 minutos
Em depoimento, Brad Alberto contou que era uma injeção de adrenalina para manter a paciente viva até o hospital.
O médico também disse à polícia que ao passar pela porta de emergência, percebeu que Maria estava sem pulso, foi quando optou por fazer uma manobra de ressuscitação.
Em uma imagem registrada no estacionamento, dá para ver que Brad Alberto tenta reanimar a vítima durante 32 minutos.
Dez pessoas já foram ouvidas pela polícia. Os agentes agora aguardam o laudo da perícia complementar para saber qual foi a causa da morte da diarista. A investigação deve ser concluída na próxima semana.
Família e defesa contestam
Inicialmente, a família da diarista havia dito que o médico tinha tentado fugir. Sobre as imagens das câmeras de segurança, que mostram o socorro, a defesa da família de Maria Jandimar afirmou que, de fato, o médico Brad Alberto prestou socorro. Mas afirmou que não consegue entender porque ele negou que era médico para a filha da diarista.
A defesa de Maria Jandimar também informou que, em nenhum momento, Brad Alberto pediu exames cardíacos para a paciente, mas que, de acordo com um eletrocardiograma feito em 2019, a diarista era uma pessoa saudável.
Frisou ainda que em nenhum momento foi solicitado qualquer exame no que se refere a questões cardíacas. E, como de prática do risco cirúrgico, o respectivo profissional não poderia se basear em palavras, mas em laudos e exames para explicar o ocorridos.
"Em diversas notas a defesa de Brad expõe sua solidariedade à família, porém nem se quer comunicaram o falecimento, no que refere as despesas de funeral a família precisou contar com a ajuda de vizinhos e amigos, até porque a tal solidariedade que Brad solta em suas notas nunca chegou", diz o comunicado.
Fonte: Leslie Leitão, RJG1