Bolsonarista que montou explosivo em Brasília é transferido para o Complexo da Papuda, diz delegado-geral da Polícia Civil do DF
O bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, preso após confessar ter armado um artefato explosivo perto do Aeroporto de Brasília, foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, no domingo (15). A informação foi confirmada pelo diretor-geral da Polícia Civil do DF (PCDF), Robson Candido, à repórter Raquel Porto Alegre, da GloboNews.
Desde sábado (24), quando foi detido, ele estava na carceragem da Polícia Civil do DF (PCDF). George Washington foi autuado em flagrante por terrorismo, e também por posse e porte ilegal de armas de fogo de uso permitido e de uso restrito. Com ele, a polícia encontrou um arsenal de armamento pesado.
Em depoimento aos policiais, o homem disse que o ato foi planejado por integrantes de atos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), que ocorrem no quartel-general do Exército, em Brasília.
Afirmou ainda que a instalação da bomba tinha o objetivo de "dar início ao caos" e que pretendia alcançar a decretação de estado de sítio no país – quando há restrição de direitos e à atuação de Legislativo e Judiciário.
Na manhã deste domingo, a Justiça do Distrito Federal converteu em preventiva a prisão em flagrante do homem, após audiência de custódia. Com a decisão, ele ficará preso por tempo indeterminado. Até a última atualização desta reportagem, a defesa do bolsonarista não tinha se manifestado.
A Polícia Civil apura quem são os outros participantes do crime, e diz que já identificou pelo menos um deles. O ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que acionou a Polícia Federal para participar da investigação. Já o futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, disse que "não há pacto político possível e nem haverá anistia para terroristas, seus apoiadores e financiadores".
Prisão e investigação
As investigações começaram depois que um artefato explosivo foi encontrado instalado em um caminhão-tanque de combustível, nos arredores do aeroporto. O motorista do veículo percebeu o objeto estranho e acionou a Polícia Militar, que interditou a área.
A corporação confirmou que o material era explosivo e detonou o artefato durante a tarde. À noite, a Polícia Civil anunciou a prisão do autuado, em um apartamento no Sudoeste. Ele foi levado à 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul.
De acordo com a apuração, depois de montar o artefato, o homem entregou o objeto para uma outra pessoa, já identificada pelos investigadores como Alan Diego dos Santos Rodrigues, que teria ficado responsável por levar o dispositivo para detonação.
Segundo a investigação, a ideia inicial dos criminosos era que o explosivo fosse depositado próximo a um poste, para prejudicar a distribuição de energia elétrica na capital. Mas, de última hora, a decisão acabou sendo por colocar o objeto em uma caixa apoiada no caminhão, que estava carregado com querosene de aviação.
Em entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, Robson Candido, afirmou que o grupo chegou a acionar o dispositivo, mas ele não explodiu.
"A perícia nos relata que eles tentaram acionar o equipamento, mas não sei porque, talvez até por ineficiência técnica deles, não conseguiram explodir. Mas a intenção deles era explodir esses outros materiais sim e novamente causar, como eu disse, causar tumulto, né?"
Aos policiais, o bolsonarista disse que veio para a capital em um carro próprio e trouxe parte do arsenal. Segundo a corporação, ele é registrado como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas estava com a documentação irregular e não podia portar o material.
O delegado-geral da PCDF também confirmou que a motivação do crime foi ideológica.
"[O homem] veio justamente para participar das manifestações lá no QG, né, que assim eles intitulam. Ele faz parte desse movimento de apoio ao atual presidente. E eles estão aí nessa missão ideológica, mas que saiu do controle. E as autoridades policiais, principalmente aqui em Brasília, nós iremos tomar todas as providências. Iremos prender qualquer um que atente contra o Estado Democrático de Direito, principalmente com ameaças e, principalmente agora, com bombas."
"Tem outras pessoas envolvidas. Também serão identificadas e serão presas, como ele. Nós não iremos aceitar aqui em Brasília, capital da República, esse tipo de atitude de extremismo político", disse Robson Cândido.
Fonte: Raquel Porto Alegre, GloboNews