Bolas desaparecem em 24h após intrigarem moradores no litoral de SP

Bolas desaparecem em 24h após intrigarem moradores no litoral de SP
Bolas desapareceram das praias de Peruíbe, SP, após cerca de 24h — Foto: Diogo Cavalcanti de Souza/Arquivo Pessoal

Cerca de 24 horas após a aparição de centenas de bolas escuras na faixa de areia das praias de Peruíbe, no litoral de São Paulo, as estruturas desapareceram. O fenômeno que intrigou moradores e chamou a atenção de internautas é, na verdade, natural, segundo informado ao G1 pela prefeitura. Especialistas explicam que o rápido desaparecimento pode estar ligado à alta da maré.

O caso que viralizou nas redes sociais, na verdade, refere-se a bolas formadas por lama negra, que chegaram à faixa de areia devido à ressaca que atinge a região. Segundo a Prefeitura de Peruíbe, que confirmou a aparição, a lama foi jogada na praia pelo mar e coberta por areia, criando as bolas. Após a aparição, moradores ficaram curiosos, mas, em cerca de 24 horas, elas desapareceram das praias.

O biólogo marinho Eric Comin explica que a alta da maré pode ter levado as bolas de lama de volta para o mar. "Nessa dela [maré] subir, ela arrastou tudo de volta para o mar, depositou essa lama de volta. Outra hipótese é que a água tenha desmanchado esses rolos, que se misturaram com a areia", diz.

Apesar das duas hipóteses, Comin reitera que, pelo fato de a lama ser mais argilosa, o mais provável é que ela tenha sido devolvida à água. "Pelo fato de ter uma densidade diferente, pode ter sido levada de volta para a água, porque essa [lama] é mais densa", finaliza o biólogo.

Por sua vez, Paulo Flávio, médico especialista em Práticas Integrativas e doutor em Ciências com tese de doutorado sobre a Lama Negra de Peruíbe, também confirmou ao G1 que a maré é a única forma dessa lama voltar ao mar.

Redes Sociais

O fenômeno viralizou nas redes sociais após o empresário Diogo Cavalcanti de Souza tirar fotos e postar em uma página. Souza contou que caminhava na praia do Centro de Peruíbe quando viu as bolas, na noite da última sexta-feira (5). "Tinha umas grandes, outras pequenas. Eu estourei uma daquelas, e tinha um odor muito forte, que parecia de mangue", explica.

A guia de turismo Yarima França, também moradora da cidade, afirmou que nunca viu formarem bolas na faixa de areia, mas que já viu o acúmulo de lama no local. "Como temos muitos mangues, e o bolsão de lama no alto do mar, é recorrente esse tipo de situação", explicou.

Na postagem feita pelo empresário, os internautas também passaram a criar teorias e brincar com a situação. "Fim dos tempos", comentou um. "Isso é ET", disse outro internauta no post.

Apesar disso, o fenômeno é natural, e o secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Ribas, comentou o caso. "Em uma área a 80 metros da praia, mar adentro, existem bolsões de lama. Em ocasiões em que o mar fica bravo [revolto], como um efeito liquidificador, essa lama entra em suspensão, e às vezes encosta na praia como uma água preta, barrenta, ou em 'pelotas', que em contato com a areia solta da praia resulta nestas bolas", disse.

Especialistas

A reportagem procurou especialistas para falarem sobre o fenômeno. Comin explica que as bolas podem ter sido causadas pelo desassoreamento dos rios, que faz com que a lama seja levada para a praia, formando espécies de 'bolsões' de lama, como os citados pelo secretário. "Isso faz com que esse substrato mais escuro, substrato de manguezal, vá parar no encontro com o mar, ficando depositado em frente à praia".

O biólogo reitera que a ressaca que atingiu a região pode ter contribuído para que esse substrato subisse. "Nós tivemos um ciclone com uma força muito forte agora, inclusive, a maré subiu bastante, foi bem típico de ressaca, e faz com que o sedimento do fundo seja levantado pela onda. Ele fica rolando, e na hora que é jogado na praia, essa lama vai girar na areia, e ela vai e volta, e com isso vai grudando na areia, empelotando e formando essas bolas", diz Comin.

Já para Flávio, essas bolas são de material argiloso, de origem marinha. De acordo com o especialista, não pode ser considerado que sejam formadas de lama negra, e sim, pela lama após uma maturação. "Elas vêm do mar para a terra. Quando ocorre algum movimento maior no fundo do mar, e às vezes isso acontece muito longe daqui, como, por exemplo, da outra vez que isso aconteceu, foi em consequência de um ciclone extratropical que ocorreu próximo a Paranaguá", diz.

Flávio ainda completa, explicando que esse material existe em abundância no fundo do mar, e fica depositado em depressões. "É um material muito mais pesado que a água, tem uma vez e meia a densidade da água do mar, é um material que não se mistura a quase nada", finaliza.

Já para Flávio, essas bolas são de material argiloso, de origem marinha. De acordo com o especialista, não pode ser considerado que sejam formadas de lama negra, e sim, pela lama após uma maturação. "Elas vêm do mar para a terra. Quando ocorre algum movimento maior no fundo do mar, e às vezes isso acontece muito longe daqui, como, por exemplo, da outra vez que isso aconteceu, foi em consequência de um ciclone extratropical que ocorreu próximo a Paranaguá", diz.

Flávio ainda completa, explicando que esse material existe em abundância no fundo do mar, e fica depositado em depressões. "É um material muito mais pesado que a água, tem uma vez e meia a densidade da água do mar, é um material que não se mistura a quase nada", finaliza.

Fonte: G1 Santos