Análise: couvert do Flamengo basta em noite de destaque dos operários rubro-negros e pouca criação

Análise: couvert do Flamengo basta em noite de destaque dos operários rubro-negros e pouca criação
Santos e Léo Pereira, dois dos melhores do time, agradecem aos torcedores do Flamengo que foram a Ibagué — Foto: Nathã Soares / Flamengo

Os desfalques de Rodrigo Caio e João Gomes somados às baixas por Covid-19 fizeram o torcedor se preocupar com o jogo em Ibagué. Quem assistiu à vitória do Flamengo por 1 a 0 sobre o Tolima, porém, pode até ter se frustrado. O couvert inicial indicava banquete, mas o final teve sabor de prato feito. O importante é que deu para o gasto.

O time começou em ritmo de blitz e, aos 55 segundos, já havia finalizado com Arrascaeta. O ímpeto ofensivo, principalmente representado na figura de Rodinei, trazia esperanças, e o gol não demorou a sair. Aos 16 minutos, em jogada que passou por um toque bonito do próprio lateral-direito e participações coadjuvantes de Ribeiro, Thiago Maia e Gabi, Andreas marcou o golaço da iminente despedida em lance de quem sabe bater na bola.

Àquela altura, o Flamengo dava pinta de que dominaria o território. Tinha mais finalizações (4 a 3 momentos após o gol) e posse de bola acima de 60%. Não o fez. Encolheu, retrocedeu e chamou o Tolima para cima de si.

Caicedo e Miranda pararam em boas defesas de Santos, que quase entregou em saída de bola com os pés. Rovira até tentou aproveitar, chutou forte, mas Léo Pereira, um dos operários de quem temos que falar, salvou. Logo ele que falhara em lance no qual gol do Tolima fora anulado por milímetros. Era o último erro dele.

Léo passou a ser o homem dos desarmes providenciais no sistema defensivo. Sempre aparecia na boa para impedir ataques promissores do rival, enquanto Rodinei, na frente, era a figura mais perigosa. Dois jogadores criticados, dois atletas sempre citados em listas de transferências.

Léo Pereira, como dito acima, limpou a barra de Santos, outro operário fundamental na vitória. O goleiro foi salvo por Léo em cima da linha após entregar a bola no pé de Rovira. Na etapa final, porém, sobretudo nos acréscimos, juntou-se a Léo e Rodinei como um dos pouco badalados decisivos na vitória com defesaça em chute de Lucumí.

Ases e volantes apagados

E, enquanto Rodinei ganhava a maioria de seus duelos individuais, Léo combatia, e Santos defendia, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol surpreendentemente somavam mais uma atuação discreta. Os três pouco contribuíram ou construíram. Erravam decisões simples e dificilmente agrediram.

Se os homens de frente não apareciam, e os operários davam conta do recado, quem vacilava também? O meio-campo sem dúvidas, especialmente os volantes. Andreas fez um golaço, distribuiu o jogo e realizou o que dele se esperava. Diego e Thiago Maia não.

Diego mais por limitação física do que falta de concentração. Demorou muito para de desvencilhar de marcadores e contribuiu para a transição lenta do Flamengo. Em seu favor a estatística: errou apenas dois dos 40 passes tentados. Mesmo assim, atrapalhou o desenvolvimento do time por não ter o mesmo dinamismo de antes.

Thiago Maia mais por erros técnicos infantis. O camisa 8 também só não completou dois passes (de 43 tentados), mas acumulou decisões erradas em domínios simples. Com os dois em baixa, o Flamengo perdeu o meio.

Perdeu o meio e também não teve chegada. Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol foram paupérrimos na criação. No fim do jogo, o uruguaio até conseguiu bom passe para Pedro, que substituiu Gabi, mas a jogada acabou em escanteio.

Arrasca parece ter se acostumado a jogar como o número um, de frente para o gol e livre para flutuar pelos dois lados. A esquerda não basta para o gringo. Gabriel esteve distante da meta rival e tomou mais um amarelo evitável que pode custar na frente.

Vitória providencial

Expostos os dados acima com todas as observações individuais, fica claro que a atuação do Flamengo esteve longe do primor. Bem distante, aliás. O a 1 a 0 em Ibagué foi na conta do chá. O time até poderia ser vazado na etapa inicial, quando foi ajudado pelos inspirados Santos e Léo Pereira - aliás o goleiro voltou a ser providencial nos acréscimos do segundo tempo. Mas também não seria um absurdo sair sem gols marcadas dada a improdutiva postura ofensiva.

A vitória na Colômbia foi lucro e, em meio a desfalques por ordem médica, traz esperanças para o time reagir no Brasileiro e nas competições de mata-mata.

Flamengo e Tolima se reencontram no próximo dia 6, pela Libertadores, novamente às 21h30 (de Brasília), com a vantagem do empate. O duelo mostrará a identidade do time de Dorival? O resultado basta ou a performance é prioridade? Os rubro-negros têm uma semana para responder.

Fonte: Globoesporte.com