Agências da Caixa registram filas no 1º dia de pagamento do Auxílio Brasil

Agências da Caixa registram filas no 1º dia de pagamento do Auxílio Brasil
Fila para agência da Caixa Econômica de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, nesta quarta-feira (17), segue por rua lateral — Foto: Reprodução/TV Globo

O primeiro dia de pagamentos do Auxílio Brasil, benefício que substitui o Bolsa Família, é marcado por dúvidas e filas nas agência da Caixa Econômica Federal e nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) em várias cidades do Brasil, como no Recife, em Fortaleza, no Rio de Janeiro e em Manaus.

O Auxílio Brasil é pago a beneficiários que já recebiam o Bolsa Família e tem o número de inscrição social (NIS) com final 1, nesta quarta-feira (17). Quem tem NIS terminado em outros dígitos receberá ao longo dos próximos dias (confira calendário mais abaixo).

Também a partir desta quarta-feira, os nascidos em outubro e que estão fora do Bolsa Família podem sacar a última parcela do Auxílio Emergencial, o que também gerou fila. Os pagamentos desse auxílio a todos os públicos terminaram no último dia 31, mas os saques acontece agora em novembro.

Recife

A diarista Micharlane Maria da Silva, de 34 anos, tem três filhas. Beneficiária do Bolsa Família desde 2012 e com o NIS de final 1, ela chegou às 5h na fila da Caixa de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, para sacar o Auxílio Brasil. O valor a ser recebido é de R$ 217.

Ela recordou que chegou a receber R$ 1.200 devido ao Auxílio Emergencial e afirmou esperar um complemento do governo. "Se ficar recebendo só R$ 217, eu não sei como vai ser a vida, porque só o gás eu comprei por R$ 100 da última vez. Eu não trabalho certo, sou diarista e agora com a pandemia tudo ficou mais difícil, bem menos gente contratando”, disse.

Muitas pessoas foram ao local sacar a última parcela do Auxílio Emergencial e disseram ainda não saber se vai ter ou não direito ao novo benefício. Houve também relatos de venda de lugar na fila em Casa Amarela, com valores entre R$ 10 e R$ 30. Havia cocos e pedras perto da agência que seriam para marcar as posições a serem vendidas.

Desempregada há quatro anos, Creusa Charlie Santana da Silva foi em busca do dinheiro da parcela de outubro, mas disse ter esperanças de receber o novo benefício.

“Tem muita mãe de família que não tem nem nada para dar aos filhos, a situação tá complicada. Eu vou receber essa última parcela e vou lá na Central de Atendimento [do Cadastro Único]. Quero ver se vou receber esse novo auxílio", explicou.

Assim que chegou, relatou Creusa, recebeu uma proposta para ir para outro lugar na fila, pagando R$ 10. "Eu acho um absurdo. O povo não tem nem como comprar comida, vai comprar lugar na fila? Deveria ter polícia aqui pra não deixar isso”, declarou.

Desempregado há cinco anos, Moisés Bezerra da Silva foi sacar o dinheiro da última parcela do Auxílio Emergencial e relatou não fazer ideia se vai ou não conseguir receber o novo benefício.

Segundo o governo federal, quem recebeu o Auxílio Emergencial não será contemplado imediatamente com o Auxílio Brasil. Essas pessoas ficam em uma lista de espera e podem receber depois, caso se enquadrem no perfil.

“É para comprar comida [o dinheiro]. Trabalhava como auxiliar de serviços gerais e agora vivo fazendo bicos. Sou eu, minha esposa, minha filha e meu enteado em casa. Recebo o auxílio [emergencial] desde a primeira parcela. Ajuda bastante a minha família porque não tenho renda fixa. Esse auxílio Brasil eu ainda não sei se vou conseguir ou não” , disse.

A empregada doméstica Albertina Maria da Silva era a segunda pessoa da fila e estava também em busca do auxílio emergencial. “Cheguei aqui era quase 4h da manhã. Só quero fazer o saque do valor do auxílio emergencial, acho que não tenho direito ao outro”, explicou.

Desempregado há três meses, Severino Francisco, de 49 anos, foi um dos que chegou durante a madrugada para sacar o dinheiro da última parcela do Auxílio Emergencial. “A gente fica sem saber o que fazer. Não sei se vou conseguir o novo auxílio, vou tentar ainda”, declarou.

Mario José Miranda vive de pequenos bicos e afirmou que a esposa está sem trabalhar também. "Vim sacar o dinheiro [do auxílio emergencial] para comprar as coisas de casa. Moro eu, minha mulher e meus três filhos. A gente tem medo porque não sabe como vai ser. Não recebíamos o Bolsa Família", declarou.

Miranda afirmou que sabe precisar se cadastrar no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para tentar entrar no novo programa. “Semana que vem eu vou. O povo está chegando lá cedo demais, tenho filho pequeno, não tem como a gente sair de madrugada pra pegar lugar na fila”, disse.

Ceará

Em Fortaleza, agências da Caixa Econômica amanheceram com longas filas. Os clientes começaram a chegar na madrugada para garantir um lugar na fila, que dobrou quarteirão.

Em Sobral, a 245 quilômetros da capital cearense, muitas pessoas relataram dúvidas sobre o benefício. Alguns querem saber se eles se encaixam no perfil para receber a ajuda. Na Caixa Econômica no Centro da cidade, as fichas começaram a ser entregues ainda pela madrugada.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, muitas pessoas buscaram nesta quinta atualizar ou fazer o Cadastro Único, necessário para receber o novo benefício. A Prefeitura do Rio informou que praticamente metade dos cariocas inscritos em programas sociais do governo precisa atualizar o cadastro.

Em Santa Cruz, na Zona Oeste, a fila no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) dobrava o quarteirão já às 6h. Os primeiros chegaram às 20h de terça-feira (16) e passaram a madrugada em claro e ao relento — entre eles, gente com criança de colo.

Amazonas

Unidades do Cras de Manaus registraram longas filas desde a madrugada desta quarta-feira (17). A população ainda tenta fazer a atualização do CadÚnico e poder receber o novo benefício Auxílio Brasil.

Estar no Cadastro Único não significa a entrada automática no programa, mas é pré-requisito para que a inscrição seja avaliada.

Quem vai receber?

Neste mês de novembro, o Auxílio Brasil será pago a quem já era beneficiário do Bolsa Família – exceto aqueles que, ao longo do mês de outubro, tenham deixado de atender as regras do próprio bolsa. Serão cerca de 14,6 milhões de beneficiários.

Quem recebeu o Auxílio Emergencial, mas não recebia Bolsa Família, não está automaticamente incluído no Auxílio Brasil.

Quem ainda não recebia Bolsa Família, mas está inscrito no Cadastro Único e atende os requisitos do programa, poderá ser incluído nos próximos meses, mas não há garantias nem prazos. O Ministério da Cidadania promete adicionar mais 2,4 milhões de beneficiários em dezembro.

Fonte: G1 PE e TV Globo