Quase 300 meninas sequestradas de escola na Nigéria são libertadas

Quase 300 meninas sequestradas de escola na Nigéria são libertadas
279 meninas sequestradas de escola em Jangebe, no noroeste da Nigéria, são libertadas após 4 dias — Foto: Sunday Alamba/AP

As 279 meninas sequestradas na sexta-feira (26) em um colégio de Jangebe, no noroeste da Nigéria, foram liberadas e estão com as autoridades, anunciou nesta terça-feira (2) o governador do estado de Zamfara, Bello Matawalle.

"Estou feliz de anunciar que as meninas foram liberadas. Acabam de chegar à sede do governo e estão bem", declarou o governador após um rápido encontro com as estudantes. "O número total de meninas sequestradas era 279 e todas estão diante de nós. Agradecemos a Alá".

Inicialmente, as autoridades anunciaram que 317 estudantes haviam sido sequestradas no ataque de um grupo de homens armados contra a escola.

As jovens, visivelmente cansadas, chegaram em vários micro-ônibus a Gusau, capital de Zamfara. As autoridades reuniram as estudantes em um auditório e entregaram roupas limpas e hijabs (véu que cobre o cabelo e peito) de cor azul.

Depois, as jovens se perfilaram para cantar o hino nacional nigeriano.

O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, expressou "imensa alegria" após a libertação das meninas. "Me uno às famílias e ao povo de Zamfara para receber e celebrar o retorno das alunas traumatizadas", afirmou o presidente em um comunicado.

Buhari prometeu acabar com o conflito que afeta o norte do país, mas a situação é cada vez mais dramática. Na manhã desta terça, uma base da ONU e um acampamento militar foram alvos de um ataque de milicianos de um grupo jihadista vinculado ao Estado Islâmico.

Escolas como novo alvo

O sequestro das alunas de Zamfara foi o quarto ataque contra escolas em menos de três meses no noroeste da Nigéria, onde há uma década grupos criminosos roubam gado e executam sequestros para pedir resgates.

Em geral, os alvos são figuras públicas ou viajantes nas estradas, mas nos últimos meses as escolas se tornaram um alvo mais lucrativo.

Em dezembro, o governo de Zamfara negociou a liberação de 344 jovens que foram sequestrados em um colégio no estado vizinho de Katsina.

As autoridades negam o pagamento de resgates, mas especialistas em segurança não acreditam na versão e temem que a prática estimule os sequestros em regiões inseguras, minadas pela extrema pobreza.

Nesta terça, o governador afirmou que "bandidos arrependidos" ajudaram a garantir a libertação das 279 estudantes.

As autoridades do estado negociam há mais de um ano com o grupo que promove esses sequestros uma anistia em troca da entrega de armas.

Os novos sequestros em massa trouxeram à memória o rapto de Chibok, em 2014, quando o grupo extremista Boko Haram sequestrou 276 estudantes. Mais de 100 meninas continuam desaparecidas até hoje e não se sabe quantas sobreviveram ao sequestro.

Escolarização, pobreza e insegurança

Mas os dois sequestros são diferentes: os sequestradores atuam por dinheiro e não por razões ideológicas, apesar dos vínculos de alguns criminosos com os grupos jihadistas.

Os grupos atraem cada vez mais jovens desempregados em regiões onde mais de 80% dos habitantes vivem na extrema pobreza. Alguns chegam a ter centenas de combatentes.

A violência no país provocou desde 2011 a morte de mais de 8 mil pessoas e o deslocamento de mais 200 mil, segundo relatório do International Crisis Group (ICG) publicado em maio de 2020.

Outra consequência preocupante dos sequestros é o aumento da deserção escolar, especialmente de meninas, na região menos escolarizada da Nigéria, segundo o ICG.

Fonte: France Presse