Plateia revoltada com aglomeração interrompe sessão de ópera em Madri: 'estávamos como piolhos'

Plateia revoltada com aglomeração interrompe sessão de ópera em Madri: 'estávamos como piolhos'
A plateia do Teatro Real de Madri bateu palmas, gritou e sapateou até que a sessão de ópera fosse suspensa Foto: Reprodução

MADRI —  O Teatro Real de Madri, na Espanha, foi forçado a suspender uma apresentação de ópera devido aos protestos da plateia contra a falta de distanciamento social. Espectadores relatam que os mezaninos, onde os ingressos são mais baratos, estavam abarrotados.

Segundo pessoas que estavam na plateia, o público começou a bater palmas, gritar e sapatear para mostrar seu descontentamento ao ver que havia filas com até 15 lugares ocupados, sem nenhuma separação. A revolta chegou a tal ponto que os responsáveis pela casa decidiram comunicar, por megafone, que a sessão de "Um baile de máscaras", de Verdi, seria interrompida para que o público pudesse pedir a devolução do dinheiro nas bilheterias.

Entretanto, a concentração de pessoas no saguão do teatro foi tamanha que a polícia teve que ser acionada.

 — Não havia fichas de reclamação, tiveram que ir aos escritórios imprimi-las. Nas seções mais abaixo, havia assentos alternados, mas nas áreas acima, onde há menos espaço, havia filas inteiras de 15 pessoas seguidas — conta uma das espectadoras.

Outra pessoa que estava nas primeiras filas afirma que, ali, o distanciamento social também era desrespeitado.

— A linha toda estava ocupada, não havia uma vaga livre. Estávamos como piolhos — conta.

Por duas vezes, o maestro Nicola Luisotti tentou continuar a apresentação, mas desistiu ao ver que as vaias continuavam. Em nota, o Teatro garante que vendeu apenas 905 ingressos, ou seja, 51,5% de sua lotação, abaixo do que determina a lei de Madri, que permite aos espaços culturais funcionarem com até 75% de sua capacidade.

O Teatro Real de Madri foi a primeira casa de ópera do mundo a reabrir após a crise do coronavírus. O espaço também foi pioneiro na adoção dos protocolos de segurança, que incluem limitar a venda de ingressos a 65% da disponibilidade, para que o público se sinta mais seguro. A casa informou que "abrirá uma investigação" para "averiguar esta lamentável incidência".

Fonte: Rachel Vidales, do El País