Motorista que viralizou com serviço de flagras em motéis interrompe atividade após sofrer ameaças

Motorista que viralizou com serviço de flagras em motéis interrompe atividade após sofrer ameaças
Motorista que viralizou ao oferecer serviços para 'flagrar' maridos em motéis disse que parou com essa opção após sofrer ameaças — Foto: Arquivo Pessoal

A motorista que viralizou nas redes sociais ao fazer uma publicação oferecendo transportes inusitados, como levar mulheres para dar 'flagras' em maridos saindo de motéis em São Vicente, no litoral de São Paulo, disse que parou de prestar o serviço após sofrer ameaças. Apesar disso, ela contou ao g1 que o assunto repercutiu e a fez ganhar a confiança de muitas mulheres, um prêmio e até a ser convidada para dar palestras sobre empoderamento feminino.

Elizandra Regina de Cândido, de 48 anos, disse que os serviços que oferecia para os flagrantes estavam dando muito problema. "Comecei a ficar com medo de andar na rua. Fiquei muito conhecida e recebia muitas ameaças, então resolvi não fazer mais. Não sou detetive".

"Não tinha nenhuma segurança para continuar fazendo isso. Comecei a ficar com medo e comecei a abrir outros horizontes", contou.

Elizandra comemora a repercussão e as conquistas que obteve após os serviços oferecidos ganharem repercussão. "Tem muita criança que vai para a escola comigo, tem mulher que não saia de casa, por ter síndrome do pânico, e que hoje sai comigo. Meu telefone não para".

"Muitas mulheres confiam em mim, levo oito crianças [individualmente] às escolas. Levo um menino de três anos para a casa da vó dele. As pessoas adquiriram uma confiança grande em mim. Hoje, tenho outra vida por conta disso, trabalho o dia inteiro", disse.

Ela afirmou que a confiança é tanta que a mãe de uma adolescente a contratou para levar a filha para a casa de uma amiga, que a menina havia conhecido na internet e que mora em Ribeirão Pires (SP). "São duas meninas estudantes, introspectivas, tímidas, que não saem de casa, mas se conheceram pela internet e viraram grandes amigas".

"Achei bacana a mãe confiar no meu trabalho. Ela nem conhecia a dona da casa [a mãe da outra menina]. Fui lá [a Ribeirão Pires] e agi como se fosse alguém da família. Entrei na casa com o telefone ligado, fiz vídeochamada, as mães se conheceram e eu ali do lado", disse.

Elizandra explicou que garantiu à mãe contratante que voltaria com a menina para casa, se o "lugar não for bacana".

Palestras de empoderamento

Além de continuar como motorista para mulheres, Elizandra também começou a ser convidada para dar palestras sobre empoderamento feminino. "Encorajei muita mulher".

"Minha vida mudou muito. Sou muito feliz, pago minhas contas, moro com a minha filha e não dependo de homem nenhum. Não dependo de nada", afirmou.

O sucesso foi tanto que a motorista recebeu o Prêmio da Mulher Caiçara. "Isso pra mim foi uma surpresa, foi sensacional, incrível. Só tinham mulheres sensacionais, as melhores psicólogas, as melhoras jornalistas [...]. Não sabia se eu chorava ou se eu ria".

Fonte: Brenda Bento, G1 Santos