Macron tira relógio de luxo durante entrevista na TV e é alvo de críticas nas redes sociais

Macron tira relógio de luxo durante entrevista na TV e é alvo de críticas nas redes sociais

O presidente da França, Emmanuel Macron, foi alvo de críticas nas redes sociais pelos últimos dias. Nesta quarta-feira, Macron fez uma aparição em horário nobre na TV francesa, para justificar suas opiniões com relação à Previdência. No início da entrevista, o presidente aparece com um relógio considerado luxuoso, e, durante o programa, esconde a mão embaixo da mesa e remove o item.

O ato de Macron foi observado pelos telespectadores, que rapidamente começaram a comentar nas redes. Segundo eles, o presidente teria esquecido de tirar o relógio antes da entrevista, e precisou removê-lo do braço durante o telejornal para transmitir uma falsa imagem “humilde” e não escancarar as desiguldades do país.

Segundo o portal BBC, os representantes de Macron alegaram que o presidente tirou o relógio inocentemente, porque estava “fazendo barulho na mesa”. Os usuários, no entanto, defendem que o francês está fora de contato com a realidade do povo. Um vídeo divulgado nas redes mostra o momento em que ele remove o apetrecho.

Com a repercussão, membros do parlamento francês também comentaram a cena: "O presidente dos ricos nunca fez jus ao seu nome tão bem", escreveu a política Farida Amrani em seu perfil no Twitter. “Segundo Macron, os assalariados nunca viram seu poder de compra aumentar tanto! Ao mesmo tempo, o presidente esconde seu relógio, cujo preço é muito superior ao rendimento mensal de um assalariado”, criticou.

O valor exato do relógio, no entanto, segue em discussão. Algumas pessoas sugeriram que ele poderia valer em torno de 80 mil euros, o equivalente a R$ 450 mil, em média. Outros disseram que, na verdade, está na faixa dos R$ 13,5 mil.

Ao jornal The Independent, o Palácio do Eliseu — residência oficial dos presidentes franceses — afirmou que, "ao contrário do que se diz nas redes sociais, este relógio obviamente não custa 80 mil euros".

Os protestos

Os protestos violentos contra a manobra constitucional do presidente francês, Emmanuel Macron, para implementar sua reforma da Previdência forçaram uma mudança de planos na recepção ao rei britânico, Charles III. Um jantar oficial organizado para o monarca, originalmente marcado para o histórico Palácio de Versalhes, precisou ser realocado devido à escalada dos atos, segundo o canal francês BFMTV.

Cerca de 800 mil pessoas foram às ruas de Paris nesta quinta na primeira greve geral desde Macron driblar a Assembleia Nacional para aprovar a reforma, que adia progressivamente a idade mínima de aposentadoria dos 62 para os 64 anos a partir de 2030. As estimativas do sindicato Confederação Geral do Trabalho (CGT) indicam que o ato na capital é o maior desde que o movimento começou em janeiro — o recorde anterior era 700 mil no dia 7 de março. Ainda não há dados oficiais, contudo, que geralmente são discrepantes.

Os episódios de violência são pontuais, mas segundo o jornal Le Monde, a polícia "não economiza nas bombas de gás lacrimogêneo" perto da Ópera de Paris, e há um canhão d'água que ainda não foi usado. Nos Grands Boulevards, há relatos de manifestantes dispersados com cassetetes e gás lacrimogêneo. Em Strasbourg-Saint Denis, um McDonald's foi vandalizado.

Os manifestantes na capital também vêm incendiando lixo nas ruas — as pilhas se acumulam em meio à greve dos funcionários da limpeza, que já dura quase 20 dias. Cédric Nothias, um professor do ensino médio de 46 anos, carregava um cartaz com a pergunta: "Como ensinar democracia quando Macron a pisoteia?".

As escolas e monumentos como a Torre Eiffel não abriram, e metade dos trens de alta velocidade foram cancelados. Diante dos bloqueios que duram dias em depósitos e refinarias, o governo ordenou a volta ao trabalho de alguns grevistas para amenizar a falta de combustível em 15% dos postos de gasolina. Nos aeroportos da capital, a situação do fornecimento de querosene é "crítica".

Pelo país, havia cerca de 320 protestos marcados. Alguns dos maiores foram no sul, apesar de as estimativas de público serem bastante discrepantes. As autoridades dizem que 5,2 mil pessoas foram às ruas de Nice, mas o CGT afirma que a multidão chegou a 40 mil. Em Marselha, onde o porto foi bloqueado pelo segundo dia consecutivo, as autoridades dizem que 16 mil pessoas foram protestar, contagem que o CGT põe em 280 mil.

Em Lyon, centenas de manifestantes, entre eles ferroviários e estudantes, bloquearam a passagem de trens. Em Rennes, no nordeste, a polícia disparou canhões d'água. Em Lorient, uma delegacia foi incendiada. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, disse que a violência é "inaceitável" e os responsáveis não ficarão impunes.

Fonte: O Globo e agências internacionais — Paris