EUA interrompem produção da vacina da Johnson contra Covid em fábrica que desperdiçou doses

EUA interrompem produção da vacina da Johnson contra Covid em fábrica que desperdiçou doses
Foto de dezembro da Johnson & Johnson mostra ampolas da sua vacina contra a Covid-19 — Foto: Johnson & Johnson via AP

A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos ordenou a paralisação da produção da vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson na fábrica que é investigada por desperdiçar milhões de doses do imunizante e que sofreu intervenção do governo.

A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos), agência reguladora de medicamentos dos EUA, determinou a interrupção para uma inspeção no local e também que todo o material já produzido seja colocado em quarentena (veja mais abaixo).

O jornal "The New York Times" revelou que até 15 milhões de doses foram "destruídas" após uma empresa subcontratada misturar ingredientes das vacinas da Johnson & Johnson e de Oxford/AstraZeneca.

Dias depois, o jornal revelou que a empresa Emergent BioSolutions também já tinha estragado cinco lotes do imunizante de Oxford/AstraZeneca que tinham entre 10 e 15 milhões de doses.

Após a revelação, o governo americano ordenou que a Johnson interviesse na fábrica e proibiu a produção de vacina de Oxford/AstraZeneca na planta, que fica em Baltimore, no estado de Maryland.

As empresas não confirmam o número de doses estragadas.

A Emergent BioSolutions informou em documento divulgado na segunda-feira (19) que a FDA solicitou na sexta-feira (16) a interrupção da produção na fábrica de Baltimore para uma inspeção.

"Em 16 de abril de 2021, a pedido da FDA, a Emergent concordou em não iniciar a produção de nenhum novo material em sua instalação de Bayview e colocar em quarentena o material produzido em Bayview até o fim da inspeção", informa o documento.

"Reconhecemos que há melhorias que devemos fazer para atender aos altos padrões que estabelecemos para nós mesmos e para restaurar a confiança em nossos sistemas de qualidade e processos de fabricação", disse a Emergent em um comunicado.

Impacto na produção

A Johnson & Johnson havia informado em março, quando foi relevado o problema, que enviaria especialistas à fábrica para supervisionar a produção da vacina e que esperava entregar 24 milhões de doses da sua vacina em abril.

A previsão da empresa era entregar 100 milhões de doses da sua vacina ao governo americano no primeiro semestre. Até agora, entregou cerca de 18 milhões.

Além da produção no local, a Johnson tem autorização para importar doses da sua fábrica na Holanda e finalizá-las em outra planta nos EUA, da Catalent.

"É prematuro especular sobre qualquer impacto potencial que isso possa ter no momento de nossas entregas de vacinas", disse a empresa em um comunicado.

A vacina da Johnson é a única aprovada para uso até o momento que é de apenas uma dose e não precisa ser conservada em temperaturas muito baixas, ao contrário dos imunizantes da Moderna e da Pfizer, o que facilita a sua distribuição.

O imunizante tem 66% de eficácia em prevenir casos moderados e graves (considerados apenas os casos graves, o nível de proteção foi de 85%), e nenhuma pessoa vacinada morreu de Covid-19 durante os testes da vacina.

Problemas com coágulos

A pausa na produção em Baltimore é mais um obstáculo que a vacina da Johnson enfrenta. Na semana passada, autoridades americanas recomendaram pausa na sua aplicação após a descoberta de casos de trombose em seis mulheres após terem recebido o imunizante. Uma delas morreu.

Os 6 casos de coágulos foram registrados após 7 milhões de doses aplicadas, o que representa 0,0000008824% das pessoas imunizadas.

A agência reguladora europeia também suspendeu seu uso após os casos nos EUA e deve decidir nesta terça-feira (20) sobre a segurança da vacina.

Aprovação no Brasil

A vacina da Johnson foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial no Brasil em 31 de março, mas ela ainda não é utilizada no país.

O Ministério da Saúde comprou 38 milhões de doses do imunizante, cujas entregas estão previstas para o segundo semestre.

O imunizante também já foi aprovado para uso emergencial pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Fonte: G1